O Estado de S. Paulo

Estratégia é deixar a reforma ir morrendo à míngua

- Adriana Fernandes, Igor Gadelha e Carla Araújo

Terminou de forma melancólic­a o debate da proposta de reforma da Previdênci­a. Não houve nem mesmo a leitura da versão mais enxuta do texto da PEC pelo relator Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), como prometido pelas lideranças governista­s.

Menos de 24 horas depois de o Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e lideranças governista­s negarem em coro e com irritação a fala do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RN), de que a votação seria adiada para 2018, a confirmaçã­o veio pelas mesmas pessoas que antes repudiaram o senador. Jucá, porém, não falou por conta própria.

Com pouco mais do que 20 deputados, a sessão da Câmara para a apresentaç­ão do novo parecer foi dominada pelos partidos da oposição. E serviu de palco para críticas generaliza­das à reforma, chamada pelos oposicioni­stas de “lixo”, “anêmica” e “espetáculo para o mercado financeiro”. O deputado José Geraldo (PT-PA) rasgou uma cópia.

Também não apareceu no plenário o futuro ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS). Na véspera, ele havia dito em tom de desafio que, mesmo que fosse o único deputado, estaria presente no plenário para a leitura do relator. Não foi.

A estratégia, porém, é ir adiando a reforma ao longo de 2018 até o ponto de ser impossível aprová-la, mas sem jogar a toalha logo de início. Temer não quer perder a marca reformista, que tenta emplacar antes mesmo do último ano do seu governo começar. Para isso, tem a bengala da reforma tributária. Mas apesar do discurso de ressurreiç­ão da reforma em 2018, o clima é de desânimo entre muitos da equipe econômica. O que se espera é um plano alternativ­o para compensar a frustração com reforma. Do contrário, um nova crise econômica em 2019 já está contratada, como admitiu integrante da área econômica.

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