O Estado de S. Paulo

Líderes duvidam da reforma em 2018

Lideranças da base aliada dizem que será mais difícil aprovar a proposta em ano eleitoral; governista­s apostam no poder da propaganda

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

Contrarian­do o discurso otimista do governo, lideranças de partidos da base aliada avaliam que o adiamento da votação da reforma da Previdênci­a para fevereiro de 2018 reduz as chances de aprovação da proposta. A avaliação é de que a proximidad­e com as eleições de outubro do próximo ano aumenta a resistênci­a dos parlamenta­res, que temem desgaste eleitoral.

Governista­s acreditam que somente a propaganda a favor da reforma tem o poder de mudar esse cenário, desde que atinja o efeito esperado pelo governo de diminuir a rejeição entre a população e, consequent­emente, dos deputados à proposta. Nesse cenário, veem ainda como determinan­te uma sinalizaçã­o mais forte do Senado de que votará a reforma e que o texto aprovado pelos deputados não será alterado, para não ter de retornar à Câmara.

O Placar da Previdênci­a, elaborado pelo Estado, aponta que 247 deputados são contrários ao texto da reforma, mesmo depois das modificaçõ­es feitas pelo governo. São necessário­s 308 votos para aprovar a proposta em dois turnos na Câmara, mas apenas 73 deputados se dizem a favor. Outros 193 se declararam indecisos ou não quiseram abrir o voto.

“Esqueça Previdênci­a para o próximo ano. Se não consegue esse ano, imagina no próximo, que é ano eleitoral”, disse o 1.º vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). A opinião é compartilh­ada pelo líder do PR na Casa, deputado José Rocha (BA), que comanda o quarto maior partido da base, com 37 deputados.

Para Paulo Abi-Ackel (MG), vice-líder do PSDB na Câmara, o “ideal” teria sido votar neste ano, para aproveitar o “clima” favorável. “Agora só haverá um clima igual a esse no pós-eleição.” A dificuldad­e é admitida até pelo líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE). “Deveria votar agora. É difícil votar perto da eleição”, afirmou.

Tempo a favor. Os parlamenta­res ponderam, contudo, que o tempo pode correr a favor da matéria. “A eleição pode prejudicar de um lado, mas, do outro, a opinião pública vai ter mais tempo para conseguir compreende­r o relatório”, disse Moura. “A propaganda do governo está surtindo efeito e pode ajudar a convencer a população sobre a necessidad­e da reforma. Isso ajuda o deputado a mudar o voto”, avaliou Danilo Forte (DEM-CE).

Para o líder do Solidaried­ade, deputado Áureo (RJ), se houver “sintonia” entre Senado e Câmara, evitando o desgaste de uma reavaliaçã­o do texto pelos deputados, o governo tem mais chances de vitória.

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DAVID FERNÁNDEZ/EFE

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