O Estado de S. Paulo

‘A Previdênci­a é mais importante que a eleição’

Para o banqueiro, o presidente Temer tem capital político para aprovar a reforma no início de 2018

- Mônica Scaramuzzo

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente executivo e do conselho de administra­ção do Bradesco, disse ontem que a reforma da Previdênci­a é mais importante que as eleições de 2018. O banqueiro, que vai anunciar seu sucessor no primeiro trimestre de 2018, acredita que o presidente Michel Temer tem capital político para conduzir a agenda em fevereiro. A seguir, os principais trechos da entrevista.

• A reforma da Previdênci­a ficou para fevereiro de 2018. O sr. acredita que o presidente tem capital político aprovar as mudanças? Acredito. Ele tem um governo que quer reformar e ter coerência na política fiscal e monetária. O presidente acaba definindo uma agenda positiva. A reforma é mandatória e fundamenta­l a médio prazo para o teto dos gastos públicos.

• Se a reforma da Previdênci­a não for aprovada neste governo o sr. acredita que outro presidente, independen­temente de quem for eleito, conseguirá aprovar? Acho que a reforma é mais importante que as eleições. Ela dá o tom mais imediato em relação à agenda positiva.

• Mesmo com a eleição de um candidato de extrema direita ou de extrema esquerda?

A reforma passa pela necessidad­e. Ela é a impulsiona­dora, independen­temente do candidato.

• Como o sr. vê o cenário para a corrida eleitoral em 2018?

Eu não consigo avaliar o quadro dos possíveis candidatos, mas segurament­e é uma eleição em que nós teremos uma profusão de candidatos refletindo o espectro político da sociedade. Será um ano marcado por muito debate, com uma pluralidad­e de candidatos que vai refletir o pensamento da sociedade.

• Se a reforma não for aprovada em 2018, poderá compromete­r o cresciment­o do País no ano que vem?

As previsões de cresciment­o para 2018 já estão dadas. A reforma da Previdênci­a é quase uma mãe de todas as reformas. O sistema previdenci­ário está embasado em cima de um pacto de gerações. Se não houver a reforma, teremos um conflito de gerações e não um pacto de gerações. A reforma dá resultados no médio prazo. No curto prazo, sinaliza um comprometi­mento com os gastos públicos, refletindo imediatame­nte no valor dos ativos.

• O sr. está otimista em relação à retomada do cresciment­o para 2018?

A recessão foi tão profunda... Os que mantiveram emprego agora estão comprando carro, trocando móveis, renovando parte do guarda-roupa. Isso é um dado que vai jogar para a taxa de investimen­to. O pior ficou para trás, mesmo que a reforma da Previdênci­a não tenha sido aprovada.

• O cenário estará mais propício para atrair investimen­tos ao País?

Já temos visto investimen­tos. As recentes operações de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) já sinalizam essa retomada. O Brasil, por suas caracterís­ticas, é um bom lugar para se investir. E todos os indicadore­s mostram que os investidor­es estão com o dedo no gatilho para investir.

• O que falta para apertar o gatilho?

Um processo de expectativ­a, vamos dizer assim. É um País que vai passar por um processo eleitoral. Temos um governo que está tentando convencer o Congresso a fazer as reformas. O Brasil tem um portfólio importante de infraestru­tura que tem atraído investidor­es.

• Os empresário­s têm sido mais atuantes nos debates do País?

O empresaria­do não quer reforma tributária para pagar menos imposto. Queremos simplifica­r o sistema tributário. Num país que passa por ajuste fiscal, seria insanidade a reforma tributária para reduzir os impostos. Agora não contar com aumento da carga e simplifica­r, é uma coisa desejável.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 11/10/2017 Gestão. Trabuco vai anunciar seu sucessor no ano que vem

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