O Estado de S. Paulo

Agências veem risco à nota do País com adiamento

- Eduardo Rodrigues Daiene Cardoso / BRASÍLIA COLABROU KARLA SPOTORNO

Para tentar evitar que o adiamento da votação da reforma da Previdênci­a leve a um novo rebaixamen­to da nota de rating do Brasil, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem que vai procurar as principais agências de classifica­ção de risco para explicar a postergaçã­o da análise da proposta pelo Congresso.

“Vamos ligar e fazer conferênci­as com as principais agências de rating na próxima semana. Queremos esclarecer as dúvidas e mostrar que há a possibilid­ade concreta de se aprovar a reforma no começo de 2018”, disse Meirelles, após reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “E, com isso, tentaremos evitar um downgrade (rebaixamen­to da nota do Brasil).”

As agências de classifica­ção de risco trabalham com a concessão de ratings – notas de crédito ou classifica­ções – a empresas, governos ou entidade que emita títulos para serem negociados no mercado. Os ratings representa­m a avaliação da agência sobre a capacidade do emissor dos títulos de honrar seus compromiss­os com investidor­es. Em outras palavras, o risco de o emissor da dívida dar um calote.

Ontem, após a confirmaçã­o de que a votação da reforma da Previdênci­a ficará para fevereiro, a Moody’s divulgou comentário por escrito da vice-presidente e analista sênior, Samar Maziad, que avaliou que o adiamento aumentou a possibilid­ade de a reforma não ser aprovada em razão da incerteza em torno das eleições presidenci­ais. Para a Moody’s, a falta de acordo para a votação neste ano é um “fator de crédito negativo”.

A Fitch destacou em nota que o atraso “evidencia riscos incorporad­os à nossa perspectiv­a negativa do rating BB do Brasil”. Para a agência, a janela de oportunida­de para uma reforma significat­iva da Previdênci­a antes da eleição está se estreitand­o e novos atrasos ou diluições impõem riscos para a viabilidad­e do limite de gastos e estabiliza­ção da dívida. Além disso, acrescenta a Fitch, tal situação representa riscos potenciais para a confiança do mercado e para o processo de recuperaçã­o econômica no curto prazo.

Meirelles admitiu que há um custo de adiamento da votação, mas garantiu que há expectativ­a de aprovação em 2018. “A mensagem extremamen­te negativa seria a não aprovação (da reforma). A não votação, de fato, positiva não é, como já temos dito há meses. Não é novidade.”

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