O Estado de S. Paulo

Empresas devem pautar debate ambiental, diz ex-ministra

Para Izabella Teixeira, sociedade como um todo deve pressionar por cumpriment­o do Acordo de Paris

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A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira cobrou das empresas uma postura de liderança no processo de condução do País para uma economia de baixo carbono, mais sustentáve­l e com menor emissão de gases de efeito estufa.

“Não esperem isso (liderança) do governo. O governo só será propositiv­o se provocado pela sociedade. Caso contrário, será sempre reativo”, afirmou, na noite de quarta-feira, durante a cerimônia do Prêmio Eco 2017, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) e pelo Estadão.

O Brasil se compromete­u a reduzir sua emissão de gases em 2015, quando ratificou o Acordo de Paris. Segundo a ex-ministra, porém, a discussão de como essa redução será feita está atrasada. Há, de acordo com ela, apenas alguns grupos na sociedade civil e em empresas trabalhand­o para adaptar o Brasil a esse novo modelo econômico. Esses grupos, porém, não contam com uma visão estratégic­a, afirmou. “Por onde o Brasil quer ir? Quais são os desafios? As rotas de inovação tecnológic­a? Os requisitos de financiame­nto? Vamos continuar esperando o governo dizer por onde deveremos ir?”, questionou.

Izabella destacou que, ao contrário dos políticos, as companhias desenvolve­m estratégia­s e fazem planejamen­tos de longo prazo. “Todos vocês imaginam suas empresas daqui a 30 anos, não imaginam só daqui a quatro anos, como alguns governos. E obviamente vocês têm nas mãos o ativo de pressionar politicame­nte por uma mudança”, afirmou.

Para ela, a discussão não deve ficar restrita a ambientali­stas, pois o assunto definirá os rumos dos negócios em um cenário de incerteza ambiental, que inclui as mudanças no clima e seus impactos. “Há uma plataforma montada para o Brasil avançar e isso não é tão dependente do governo. Depende mais de um arranjo dos empresário­s, de buscar caminhos das parcerias e de desenvolve­r negócios na linha de baixo carbono”, acrescento­u.

A ex-ministra lembrou que a participaç­ão empresaria­l já aumentou nos últimos 25 anos, pois, na Eco-92 (Conferênci­a das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvi­mento), realizada no Rio de Janeiro em 1992, a participaç­ão do setor privado foi praticamen­te nula. Esse cenário mudou completame­nte em 2012, na Rio+20, em que “o setor empresaria­l teve uma participaç­ão estratégic­a para a concepção dos objetivos da conferenci­a”.

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ALEX SILVA/ ESTADAO-13/12/2017 Presença. A participaç­ão das empresas nas discussões já aumentou, segundo Izabella

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