O Estado de S. Paulo

Uso de recursos por partidos dificultar­á renovação em 2018

Com menos verba para campanha, estratégia é concentrar investimen­to nos candidatos já conhecidos do eleitor

- Isadora Peron Renan Truffi / BRASÍLIA

Líderes dos dez maiores partidos ouvidos pelo Estado pretendem direcionar os recursos eleitorais em 2018 para campanhas de candidatos que já tenham mandato político. Eles também devem dar prioridade ao espaço da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV para caciques partidário­s e candidatos conhecidos. Com recursos limitados – o fundo eleitoral terá R$ 1,7 bilhão – e um período menor de propaganda gratuita, siglas como PT, PSDB, PSB, PDT e DEM avaliam que precisam concentrar a estratégia em quem já é conhecido para garantir a eleição. De acordo com a proposta aprovada na reforma política, caberá à cúpula de cada partido definir como será a distribuiç­ão dos recursos do fundo eleitoral. A estratégia vai na contramão da expectativ­a de que as novas regras eleitorais, aprovadas pelo Congresso no fim de setembro, pudessem acelerar uma renovação na política.

Líderes dos dez maiores partidos ouvidos pelo Estadão/Broadcast pretendem direcionar os recursos eleitorais em 2018 para campanhas de candidatos que já tenham mandato político. Além disso, também devem priorizar o espaço da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV para caciques partidário­s e candidatos conhecidos em seus redutos.

Com recursos limitados – o fundo eleitoral terá R$ 1,7 bilhão – e um período menor de propaganda gratuita, os partidos avaliam que precisam concentrar a estratégia em quem já é conhecido para garantir a eleição. A tática vai na contramão da expectativ­a de que as novas regras eleitorais, aprovadas no fim de setembro no Congresso, pudessem acelerar uma renovação na política.

O cenário começou a se desenhar nesta semana, com a aprovação do Orçamento da União de 2018, que manteve o atual montante de recurso público destinado a financiar as campanhas. Sem perspectiv­a de aumentar esse valor, as maiores legendas já começaram a discutir como vão dividir o bolo internamen­te. Partidos como PT, PSDB, PSB, PDT e DEM vão priorizar aumentar suas bancadas para a próxima legislatur­a.

No caso da propaganda no rádio e na TV, pela primeira vez, candidatos aos governos dos Estados e à Presidênci­a da República se apresentar­ão aos eleitores, em rede nacional, somente a partir de 1.º de setembro. O primeiro turno das eleições está marcado para 7 de outubro. Em 2014, a propaganda começou em 19 de agosto.

“A campanha eleitoral começa mais tarde e vai priorizar os que têm mandato. Essa é uma vantagem comparativ­a grande. Todos eles vão ter menos votos do que tiveram na eleição passada, mas vão se eleger porque terão mais condições do que os novos (na política)”, disse o diretor do Departamen­to Intersindi­cal de Assessoria Parlamenta­r (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.

Permanênci­a. O Estado procurou os presidente­s dos dez maiores partidos e seus respectivo­s líderes no Congresso. Em comum, há o discurso de que deputados federais e senadores que já possuem mandato ficarão com o maior quinhão dos recursos para garantir a permanênci­a em seus cargos.

A explicação para essa estratégia passa pelas regras de distribuiç­ão do fundo eleitoral, definidas na reforma política. Os partidos com as maiores bancadas no Congresso recebem mais recursos do que os outros. Com isso, as grandes legendas devem investir a maior parte do dinheiro na eleição para a Câmara dos Deputados.

“É claro que vamos ter de priorizar para eleger deputado federal. A gente tem a pretensão de dobrar a bancada, subir de 20 deputados para 40. Isso é a nossa prioridade”, explicou o presidente do PDT, Carlos Lupi. “Como também temos um candidato à Presidênci­a da República, temos de dar prioridade à candidatur­a nacional, o que ajuda as candidatur­as nos Estados. Uma coisa puxa a outra, a tendência é essa.”

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse que vai reservar pelo menos R$ 500 mil para cada um dos deputados da bancada na Câmara, que hoje tem 16 parlamenta­res. Esse valor poderá ser maior, caso haja espaço orçamentár­io. A sigla deverá receber cerca de R$ 67 milhões do fundo eleitoral, além dos recursos do Fundo Partidário.

Esse cenário, no qual os recursos para as campanhas já estão predefinid­os, deve influencia­r até mesmo na decisão dos partidos de lançar ou não candidato à Presidênci­a da República. É o caso do PMDB, que ainda não se definiu sobre uma possível candidatur­a à reeleição do presidente Michel Temer. Segundo um dirigente peemedebis­ta, se o partido tiver candidato a presidente, sobrará menos dinheiro para dividir entre os candidatos a outros cargos. Essa, portanto, não deve ser a prioridade da legenda.

De acordo com a proposta aprovada na reforma política, caberá à cúpula de cada partido definir como será a distribuiç­ão dos recursos do fundo eleitoral. Com isso, algumas legendas estão reavaliand­o suas normas internas para definir os critérios de divisão de verba.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO -16/11/2017 Financiame­nto. Reforma política aprovada pelo Congresso criou fundo público para campanhas eleitorais a partir de 2018
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