Fifa afasta Del Nero da direção da CBF
Cartola é o primeiro presidente da entidade a ser afastado no exercício da função. Cargo é entregue ao vice mais velho, Coronel Nunes, de 79 anos
O Comitê de Ética da Fifa determinou o afastamento por 90 dias, prorrogáveis por 45 dias, de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF. Indiciado nos EUA por conspiração, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção, Del Nero era candidato à reeleição na CBF, em abril.
Marco Polo Del Nero é o primeiro presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afastado do cargo em meio ao exercício da função. O afastamento de atividades esportivas no País ou em qualquer órgão internacional será por 90 dias, prorrogáveis por mais 45, e foi anunciado pelo Comitê de Ética da Fifa.
Indiciado nos EUA por conspiração, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção, Del Nero insistiu em concorrer a mais quatro anos na presidência da CBF, o que provocou a reação da entidade que comanda o futebol mundial. Ele nega todas as acusações.
Para tomar a decisão, a Fifa se baseou em evidências, provas e documentos apresentados na Corte do Distrito Leste de Nova York durante julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, preso desde 2015 – primeiro em Zurique, de onde Del Nero escapou rumo ao Brasil, e depois nos EUA. Del Nero foi citado como beneficiado em esquemas e teria recebido US$ 6,5 milhões (R$ 21,3 milhões) em propinas em troca de contratos de transmissão de torneios pela TV.
Para evitar ser preso e extraditado aos EUA, ele optou em não sair do Brasil nos últimos dois anos. Para a Fifa, a decisão de afastar o cartola faz parte de uma estratégia para demonstrar aos procuradores americanos e aos seus patrocinadores que, às vésperas de mais uma Copa, a entidade é vítima de um gigantesco esquema de corrupção – e não faz parte dele.
Em nota, a CBF anunciou que durante o afastamento de Del Nero, a presidência da entidade ficará à cargo de Antonio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes. Ele é coronel da reserva da Polícia Militar do Pará, tem 79 anos, e assume a presidência por ser o mais velho entre os quatro vices da entidade. Nunes é investigado pelo Ministério Público pela sua atuação como presidente da Federação Paraense. Entre 2011 e 2013, a entidade recebeu quase R$ 3,5 milhões de verba pública.