O Estado de S. Paulo

52 milhões estão abaixo da linha da pobreza

Segundo relatório divulgado pelo IBGE, um quarto da população brasileira tinha, em 2016, uma renda inferior a R$ 387 por mês

- Vinicius Neder /

Um quarto da população, ou 52,168 milhões de brasileiro­s, estavam abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial em 2016, ano mais agudo da recessão. Esse é o total de brasileiro­s que vive com menos de US$ 5,50 por dia, o equivalent­e a uma renda mensal de R$ 387,07 por pessoa, em valores de 2016. Os dados, da Síntese de Indicadore­s Sociais 2017, foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Quando considerad­a alinha de extrema pobreza do banco multilater­al, de US$ 1,90 por pessoa, 13,350 milhões de brasileiro­s, ou 6,5% da população total, vivem com menos desse valor por dia. Esse contingent­e é superior à população da capital paulista (12,1 milhões, segundo o IBGE). Conforme o IBGE, a linha de extrema pobreza do Banco Mundial equivale a uma renda mensal média de R$ 133,72 por pessoa do domicílio.

Dados do Banco Mundial apontam que, em 2015, 4,34% da população, ou 8,939 milhões de pessoas, viviam abaixo da linha de US $1,90 por dia. Coma economia já em recessão, o contingent­e de extremamen­te pobres cresceu em 1,465 milhão de pessoas em relação a 2014, quando 3,66% dos brasileiro­s vivia maba ixodes salinha. Só que esses números não podem ser comparados com os divulgados ontem pelo IBGE.

Nas contas de Marcelo Neri, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pesquisado­r do Centro de Políticas Sociais da FundaçãoGe tu lio Vargas( FGV Social ),2016 foi o “fundo do poço” da pobreza.

Aqueda começou em 2015, quando o contingent­e de pessoas abaixo da linha de pobreza da FGV saltou 19,33%. “Uma parte disso foi a inflação muito alta com o (benefício do) Bolsa Família congelado .( Em 2015,) a pobreza subiu pelo mesmo canal por que caiu”, disse Neri.

A pobreza está concentrad­a no Norte e no Nordeste. Pela linha de US$ 5,50 por dia, 43,1% dos habitantes do Norte e 43,5% dos moradores do Nordeste vivem com renda igual ou inferior a essa, contra os 25,4% na média nacional. Já na linha do US$ 1,90 por dia, 11,2% dos habitantes do Norte e 12,9% da população do Nordeste vivem nessas condições. São 7,3 milhões de nordestino­s vivendo com essa renda, ou seja, mais da metade do total de extremamen­te pobres do País.

As condições sociais também influencia­m na pobreza. Conforme o estudo do IBGE, na população de zero a 14 anos, 42,4% vivem em domicílios que possuem renda inferior aos US$ 5,50 por pessoa por dia do Banco Mundial. Já entre os arranjos familiares formados por mulheres de pele identifica­da como preta sem cônjuge e com filhos de até 14 anos, 64% vivem com renda inferior a R$ 387,07 por pessoa por mês.

Nem nem. Ao aumentar o desemprego entre os jovens, a recessão elevou o número de brasileiro­s entre 16 a 29 anos de idade que nem estudam nem têm emprego nem estão em busca de um emprego. Em 2014, 22,7% dos jovens de 16 a 29 anos nem estudavam nem trabalhava­m. Em 2016, essa fatia ficou em 25,8%. Como a parcela dos jovens dedicados aos estudos se manteve estável, a conclusão é que o aumento ocorreu porque muitos perderam os empregos e desistiram de procurar trabalho.

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