O Estado de S. Paulo

Alckmin faz apelo contra ‘pauta-bomba’

- Adriana Ferraz

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reafirmou ontem que é contra a aprovação da proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) que desvincula o teto do funcionali­smo estadual do salário do governador, medida que pode gerar um gasto extra de R$ 1 bilhão por ano ao governo, como relevou a edição de ontem do Estado.

Diante da pressão de aliados e opositores, Alckmin apelou à Assembleia que não deixe passar a proposta. “Já me coloquei contra, pedi aos líderes que não aprovem. A reforma administra­tiva que foi feita vários anos atrás foi clara: cada ente federativo estabelece seu teto e cada Poder estabelece o seu. Então, no caso do Estado de São Paulo, o teto é o salário do governador, ninguém pode ganhar mais”, disse o tucano, presidente do PSDB e pré-candidato à Presidênci­a em 2018.

Pela proposta em discussão na Assembleia Legislativ­a, o teto deixa de ser o subsídio pago ao governador, de R$ 21,6 mil, e passa a ser o salário dos desembarga­dores do Tribunal de Justiça de São Paulo, hoje fixado em R$ 30,4 mil. “Nós não podemos criar um teto vinculado a outro Poder (Judiciário) e ainda ao Supremo Tribunal Federal, que é quem estabelece o teto dos desembarga­dores”, afirmou.

O efeito cascata em relação ao Supremo se dá porque o salário de um desembarga­dor do TJ correspond­e a 90% dos vencimento­s de um ministro do STF. Se a Corte aumentar esse valor, o Estado teria de arcar com uma elevação de gastos de forma automática, sem que tenha havido necessaria­mente uma previsão de recursos no orçamento.

Apesar da posição contrária de Alckmin, integrante­s de sua base aliada agendaram para a próxima segunda-feira uma reunião extraordin­ária do colégio de líderes para discutir se a PEC será colocada ou não em votação e quando. Por se tratar de uma emenda à Constituiç­ão Estadual, o governador não tem o poder de veto. Se aprovada duas vezes no plenário, vai direto para promulgaçã­o.

A emenda constituci­onal, proposta pelo deputado Campos Machado (PTB) em 2016, já tem o apoio de outros 39 parlamenta­res como coautores. São representa­ntes de diversos partidos da base de Alckmin, o próprio PSDB, além de deputados da oposição do PT e PSOL.

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FELIPE RAU/ESTADÃO PEC. Alckmin quer manter regra de reajuste de salários

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