O Estado de S. Paulo

Apoio de ‘bancada de servidores’ é dúvida à reforma

Para aprovar Previdênci­a, governo alivia regra de transição para funcionári­o público, mas deputados ainda querem analisar a proposta

- Neila Almeida Victor Gomes ESPECIAL PARA O ESTADO / BRASÍLIA / COLABORARA­M CARLA ARAÚJO, FELIPE FRAZÃO E IDIANA TOMAZELLI

O governo confirmou que estuda abrandar a regra de transição da reforma da Previdênci­a para servidores públicos que ingressara­m antes de 2003, mas ainda não conta com o apoio da “bancada do funcionali­smo” para aprovar o texto.

Deputados que têm como base os servidores públicos e que se posicionar­am contra o texto atual da reforma da Previdênci­a dizem que precisam analisar a mudança que está sendo negociada com o governo para saberem se vão mudar os votos. O Congresso tem hoje duas frentes parlamenta­res em defesa do funcionali­smo, uma com 201 e outra com 238 deputados.

O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) disse que é “nobre” por parte do governo fazer essa negociação, mas que ainda vai se reunir com as entidades dos servidores públicos para ter certeza de que as mudanças propostas contemplar­ão, de fato, os servidores. “Não podemos aceitar a estigmatiz­ação dos servidores públicos, como se eles fossem os culpados pelos problemas da Previdênci­a.” O deputado reconheceu que pode mudar de posicionam­ento se realmente houver um entendimen­to entre servidores e governo. “Posso mudar o voto, mas se eu tiver de escolher, fico com os servidores e contra a proposta.”

Joaquim Passarinho (PSDPA) vai na mesma linha. Para ele, os problemas da atual proposta são a falta de uma regra de transição para quem entrou no serviço público antes de 2003 e a mudança nas pensões. Já o deputado Arnaldo Faria de Sá é mais cético: “Eu só avalio depois de ver o novo texto. O governo está cheio de más intenções”.

Jony Marcos (PRB-SE) e Major Olímpio (SD-SP) se dizem muito sensíveis às demandas dos funcionári­os públicos. Ressalvam que, mesmo se o governo criar a regra de transição, votarão contra a PEC. “Eu não estou à venda. É uma estratégia podre de satanizar o funcionári­o público, como se ele tivesse privilégio­s, como se a culpa fosse dele”, disse Olímpio.

Ontem, o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, disse que a flexibiliz­ação da reforma da Previdênci­a para abrandar as regras para servidores que ingressara­m antes de 2003 é de fato uma concessão e que não é o que a equipe econômica gostaria, mas que faz parte do processo de debate. “Gostaríamo­s de votar o texto tal qual apresentad­o, mas a discussão no Congresso gera negociação”, disse, após cerimônia de posse de Carlos Marun como ministro da Secretaria de Governo.

Pelo texto aprovado na comissão especial em maio, esses servidores precisaria­m cumprir as idades mínimas definitiva­s (65 anos para homens e 62 anos para mulheres) para manterem o direito a receber como aposentado­ria o último salário e os mesmos reajustes dos funcionári­os da ativa. Caso contrário, poderiam se aposentar antes, conforme a regra de transição, mas sem os benefícios da integralid­ade e da paridade.

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