O Estado de S. Paulo

Futuro líder chileno terá minoria no Parlamento e economia em alta

Candidatos à presidênci­a do Chile aparecem empatados em pesquisa; participaç­ão eleitoral deve definir resultado

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Os chilenos vão às urnas amanhã escolher seu novo presidente em uma eleição sem favoritos, em que as últimas pesquisas mostraram uma pequena vantagem para o candidato – e ex-presidente – de direita Sebastián Piñera diante do jornalista de esquerda Alejandro Guillier, dentro da margem de empate técnico. Ambos têm em comum o mesmo prognóstic­o em caso de vitória: um Congresso dividido e a economia em cresciment­o.

Nas eleições parlamenta­res realizadas com o primeiro turno da votação para presidente, em 19 de novembro, um novo sistema de proporcion­alidade eleitoral foi aplicado, o que deixou o Congresso com uma configuraç­ão totalmente fragmentad­a.

“Seja quem for o presidente, terá minoria no Congresso e precisará formar coalizões (com outras bancadas parlamenta­res)”, afirmou o cientista político Rodrigo Osorio, da

Universida­de de Santiago. De acordo com o analista, Guillier – que promete continuar as reformas iniciadas pela presidente Michelle Bachelet – teria mais facilidade para estabelece­r alianças do que Piñera.

Apoio. Na campanha para o segundo turno, o jornalista do Partido Radical Social-Democrata – que recebeu 22,7% dos votos – concentrou o apoio da esquerda, dentro e fora de seu país. A terceira colocada no primeiro turno, Beatriz Sánchez, que recebeu 20,3% dos votos, manifestou seu apoio a Guillier, apesar de seu partido, a Frente Ampla, ter liberado a votação para qualquer dos candidatos. O ex-presidente uruguaio José Mujica também apoiou Guillier, acompanhan­do-o em comícios e fazendo discursos em seu favor.

Piñera, que obteve 36,6% dos votos no primeiro turno, além de conquistar o apoio do excandidat­o pinochetis­ta José Antonio Kast, que obteve 7,9% dos votos, também recebeu respaldo externo, da direita: o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar e os ex-presidente­s Andrés Pastrana, Álvaro Uribe (ambos da Colômbia) e Felipe Calderón (do México) gravaram mensagens de apoio ao líder chileno.

Cresciment­o. O campo econômico está mais claro. Depois de o Chile ter crescido uma média de 1,8% ao ano entre 2014 e 2017, o último relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) prevê um cresciment­o de 2,8% para o próximo ano – ocasionado por uma recuperaçã­o no preço do cobre. Os chilenos são os maiores produtores mundiais do metal.

Além do empate técnico entre os candidatos, a última pesquisa eleitoral constatou um índice de 21,4% de indecisos. “Não sei em quem votar. Os dois personagen­s são muito nefastos”, afirmou a universitá­ria Emilia Moya.

O voto não é obrigatóri­o no Chile. Osorio estima que a participaç­ão no segundo turno deverá ser maior do que no primeiro, quando 46,7% do eleitorado foi às urnas.

Segundo o analista, já que 55% dos votos do primeiro turno foram para os partidos de esquerda, que estava fragmentad­a em seis legendas, há margem para que as intenções de voto em Guillier cresçam nesta reta final.

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