CHAVISTAS E SEUS GASTOS DE LUXO NA EUROPA
Jornal detalha gasto do alto escalão do governo venezuelano com artigos de luxo na Europa
Três milhões de euros em joias e relógios, €2 milhões em obras de arte, mais de € 1 milhão em vinhos, € 953 mil em gastos com roupas feitas sob medida e ¤ 125 mil em caviar, presuntos e outras iguarias. Estes são alguns dos gastos em bens de luxo de apenas três envolvidos em uma rede de políticos, dirigentes de estatais e empresários ligados ao governo do ex-presidente Hugo Chávez que ocultou €2 bilhões (R$ 7,8 bilhões) em Andorra e na Suíça.
As revelações feitas pelo jornal El País mostram a farra despudorada de alguns dos principais dirigentes chavistas no exterior, enquanto a população venezuelana passava por privações. O jornal teve acesso a documentos que mostram que exvice-ministros da Venezuela receberam comissões ilegais por intermediações para que empresas estrangeiras obtivessem contratos da principal empresa estatal, a PDVSA – um esquema parecido com os investigados na Operação Lava Jato.
Três dos principais envolvidos, o empresário venezuelano Diego Salazar, seu primo Luis Mariano Rodríguez e o ex-viceministro Nervis Villalobos, juntos, desembolsaram cerca de € 10 milhões (R$ 39 milhões) em bens de luxo.
O mais impressionante é que o consumo desenfreado do grupo está devidamente registrado. As notas de transações financeiras reveladas pelo jornal El País, parte das investigações da Procuradoria de Andorra, estão em nome dos próprios líderes chavistas ou de parentes próximos. Há notas de uma compra em uma joalheria de Paris onde o trio torrou € 1,7 milhão em 109 relógios de luxo, entre os quais ao menos cem das marcas Rolex e Cartier. A compra foi feita por meio de uma empresa panamenha controlada por Salazar.
Outra empresa panamenha, a Josland Investments, pagou em 2011 uma fatura de € 90.500 em relógios que incluíam dois Rolex de ouro amarelo. Por trás dessa aquisição aparece o nome de Villalobos.
O trio gostava de despender com alta gastronomia. Uma fatura de outubro de 2012 mostra que Salazar pagou € 42.398 para comprar 9,3 quilos de presunto ibérico e 40 potes de caviar beluga. Tudo isso regado aos melhores vinhos. Em dezembro de 2012, Salazar comprou 694 garrafas do vinho Pomerol Petrus, de 1990. Cada garrafa custou € 5.560 (R$ 21.850). A fatura destes e outros vinhos saiu a € 493.573 (R$ 1,94 milhão).
Os gastos não ficavam apenas entre os três. Salazar era um anfitrião generoso. Diversas vezes convidou amigos e parceiros de negócios para hospedagens milionárias nos melhores hotéis do mundo. Ao longo de dez anos, gastou € 575 mil por uma dezena de reservas.
Segundo o El País e a investigação do Ministério Público de Andorra, em 2011, Salazar pagou € 150 mil por ao menos 10 estadias de dois cidadãos venezuelanos no Four Seasons de Paris, um hotel com tapetes do século 18 e quartos nababescos. As faturas contemplam despesas de € 34.216 pelo aluguel de limusines e de € 6.223 por um dia de bebidas no bar do Ritz, o Hemingway.
Para chegar a destinos luxuosos, é preciso viajar em grande estilo. Em seis anos, Salazar autorizou uma dezena de faturas que totalizam quase € 900 mil em transportes aéreos: jatos e helicópteros. Também torrou € 412 mil com uma empresa de voos corporativos, que incluem deslocamentos a Santo Domingo, na República Dominicana.
O primo de Salazar, Luis Mariano Rodríguez, tinha uma queda por roupas. Em 2010, autorizou a Banca Privada d’Andorra a efetuar uma transferência de € 470 mil para custear roupas sob medida compradas na França – quase meio milhão de euros em apenas um passeio na Champs-Élysées
Não é apenas com futilidades que Salazar gastava seu dinheiro. Segundo o El País, ele tem uma pinacoteca de arte venezuelana que beira os € 2 milhões. A avaliação foi feita em 2008 por uma galeria de arte de Caracas. A joia de seu patrimônio é o quadro Los Morochos de Aguerrevere Herrera, um óleo sobre tela de 1982, do pintor venezuelano Arturo Michelena. O quadro tem valor estimado de € 690 mil.