O Estado de S. Paulo

Religião ainda terá discussão à parte

- / R.C. e L.F.T.

A área de ensino religioso, incluída na última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ainda pode ter mudanças. Isso porque a resolução aprovada ontem pelo Conselho Nacional de Educação prevê que uma comissão específica do órgão decidirá se a religião será tratada como área do conhecimen­to ou fará parte de Ciências Humanas, por exemplo. O tema causou polêmica durante a análise.

O texto aprovado prevê um ensino religioso não confession­al, que discute a religiosid­ade indígena e cigana, por exemplo, além de valores éticos e convivênci­a respeitosa. A área incluía ainda a discussão de gênero e sexualidad­e, mas essa parte foi retirada do documento, assim como todas as outras referência­s ao assunto. A resolução do CNE também indica que serão elaboradas orientaçõe­s específica­s sobre o tema, fora da Base.

A matrícula no ensino religioso é optativa em escolas que oferecem a área e, por isso, alguns especialis­tas acreditam que ela não deveria fazer parte da BNCC. A religião já fazia parte das duas primeiras versões da Base, foi retirada pelo governo de Michel Temer da terceira versão, e voltou na quarta revisão.

Uma das razões que influencio­u a mudança foi a decisão, em setembro, do Supremo Tribunal Federal. O órgão disse não ser inconstitu­cional oferecer ensino confession­al na rede pública. E reafirmou que essas aulas são facultativ­as.

Debate. Na sessão de ontem, três conselheir­as criticaram a pressa com que o texto foi votado e o pouco tempo para análise, além da exclusão do ensino médio do documento. Os objetivos de aprendizag­em para esta etapa devem ser apresentad­os apenas no primeiro semestre de 2018. O ensino médio ainda vai passar nos próximos anos por uma reforma, que prevê flexibiliz­ação da etapa, com disciplina­s optativas.

“Infelizmen­te, a opção do CNE foi pela celeridade, em detrimento da discussão aprofundad­a, como requer a matéria, e isso ficará registrado como afronta a esse órgão”, criticou a conselheir­a Aurina Santana. A discussão era feita desde abril e o texto foi aprovado por 20 votos a 3.

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