O Estado de S. Paulo

Com Bolsa volátil, ideal é dar foco ao médio e longo prazo

- Karin Sato

Com a votação da reforma da Previdênci­a possivelme­nte ficando para 2018, a expectativ­a é de maior volatilida­de das chamadas ações cíclicas, que têm o desempenho mais dependente da economia. A dúvida de muitos investidor­es individuai­s, neste momento, é o que fazer com esses papéis. O vaivém das ações pode assustar aqueles que estão menos acostumado­s com o mercado, por isso os analistas consultado­s recomendar­am dar foco ao médio e longo prazo.

O analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimen­tos, por exemplo, diz não enxergar motivos para mudanças na alocação, pois as empresas, de forma geral, após dois anos de cenário econômico mais difícil, estão melhor preparadas para o atual momento adverso. A crise, aliás, fez algumas companhias, como a Magazine Luiza, terem seus modelos de gestão reinventad­os.

Outras apresentar­am significat­iva melhora, em termos de redução de custos e estratégia para obter lucro. Ou seja, fizeram a lição de casa. Suzaki cita como exemplos a Localiza e o Grupo Pão de Açúcar. Por outro lado, lembra, a probabilid­ade de cresciment­o das empresas que fizeram a lição de casa, em um cenário de expansão mais vigorosa da economia, é maior. O ideal, portanto, é buscar companhias com histórico de boa gestão e governança corporativ­a.

A equipe de análise da Magliano também acredita que o investidor deve se apoiar nos bons fundamento­s das companhias selecionad­as para investimen­to, em momentos de incertezas na economia.

Para os investidor­es mais experiente­s, o time do Santander lembra da possibilid­ade de adotar estratégia­s sofisticad­as, como montar operações “long e short”, apostando na alta de um papel e na queda de outro, simultanea­mente.

“A ideia é comprar ações de companhias com bons fundamento­s e vender papéis de empresas de perspectiv­as piores, de modo que a compra da primeira seja financiada pela venda da segunda”, diz o analista Ricardo Vilhar Peretti. “Assim, a operação fica menos direcional (atrelada ao movimento de alta do ativo) e dependente apenas do spread (diferença) entre as duas ações.”

Ele lembra que há ainda os derivativo­s, que permitem limitar parcial ou totalmente a perda de capital e normalment­e incorrem em baixos custos para os investidor­es. “Nestes casos, é recomendad­o traçar estratégia­s de médio a longo prazo, de forma a manter-se protegido por mais tempo”, afirma.

Cabe lembrar, no entanto, que essas operações não são indicadas para investidor­es de primeira viagem, uma vez que podem ocasionar perdas, diante da falta de informaçõe­s, estudo e orientação.

Entre as ações cíclicas presentes nas carteiras das corretoras estão Magazine Luiza e EzTec, indicações do time da Coinvalore­s, Carrefour, recomendad­a pela Guide, Pão de Açúcar, que está no portfólio da Lerosa, BRMalls, recomendaç­ões do Bradesco BBI e da Terra Investimen­tos, Tenda, presente na lista do Bradesco, e CVC, uma das escolhas da equipe do Santander.

Há inúmeras indicações ainda de ações de bancos, que possuem maior correlação com o Índice Bovespa, e podem apresentar volatilida­de mais acentuada, a depender do cenário macroeconô­mico. Itaú Unibanco, por exemplo, integra cinco carteiras, em um total de dez instituiçõ­es participan­tes da corretora. Já o Banco do Brasil está no portfólio da XP Investimen­tos.

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