O Estado de S. Paulo

Rio vai pagar salário com empréstimo de R$ 2,9 bi

Financiame­nto é uma das medidas do plano de recuperaçã­o fiscal firmado com a União; maior parte do dinheiro estará disponível em três dias úteis

- Vinicius Neder / RIO

Mais de três meses após a assinatura do plano de recuperaçã­o fiscal do Estado do Rio com a União, o governo fluminense tirou ontem do papel a mais importante medida do programa, o empréstimo de R$ 2,9 bilhões com o banco BNP Paribas. A assessoria de imprensa do governo do Rio informou que R$ 2 bilhões estarão disponívei­s em três dias úteis e serão usados para pagar salários atrasados.

O Estado deve R$ 2,4 bilhões aos servidores, referentes ao 13.º salário de 2016 e aos vencimento­s de outubro e novembro. Os R$ 900 milhões restantes da operação serão repassados em até 60 dias. Para alguns economista­s, o empréstimo, e o plano de recuperaçã­o como um todo, tem caráter emergencia­l, longe de resolver os problemas fiscais.

Ontem, o presidente Michel Temer assinou o aval da União ao empréstimo, confirmado após licitação em pregão eletrônico em 1.º de novembro. Levou mais de um mês para uma série de etapas burocrátic­as serem vencidas. No dia da licitação, o governo do Rio esperava ver os recursos do empréstimo no caixa ainda no mês passado.

O BNP Paribas foi a única instituiçã­o a apresentar proposta na licitação e receberá juros de 10,6% ao ano, o que dará R$ 1 bilhão de custo financeiro durante os três anos de prazo do financiame­nto.

Para o consultor Raul Velloso, especialis­ta em finanças públicas, o empréstimo é peça importante do plano de recuperaçã­o, classifica­do por ele como um “ajuste mínimo, de curtíssimo prazo”, em que “nada pode falhar”. “O plano tem dois objetivos, zerar o déficit em 2018 e pagar os atrasados”, afirmou Velloso, acrescenta­ndo que a expectativ­a é que, a partir de 2019, a recuperaçã­o da economia se reflita em elevação da arrecadaçã­o tributária.

A garantia da União ao empréstimo terá como contragara­ntia ações da Cedae, a companhia estadual de águas e esgoto, após sua privatizaç­ão. O processo de venda está sendo definido pelo BNDES. O Estado poderá usará os recursos para quitar a dívida com o BNP Paribas – quanto antes a dívida for quitada, menos juros haverá.

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