O Estado de S. Paulo

Leilão de linhas atrai R$ 8,7 bi em investimen­to

Aneel vendeu todos os 11 lotes de linhas de transmissã­o, com um deságio médio de 40%

- / LUCIANA COLLET e RENÉE PEREIRA

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) conseguiu leiloar todos os 11 lotes de linhas de transmissã­o ofertados ontem na B3, em São Paulo. Juntas, as concessões vão exigir investimen­tos de R$ 8,7 bilhões num prazo que varia de 36 a 60 meses. O deságio médio, que representa quanto o vencedor aceitou receber a menos de receita em relação ao valor máximo do leilão, foi de 40,46%.

O resultado foi bastante positivo, já que foi a primeira vez, desde 2014, que o governo conseguiu licitar todos os lotes ofertados em um leilão. O humor da iniciativa privada mudou após alterações feitas pela Aneel nas regras de licitação em 2016. Além da revisão da receita anual permitida (RAP), que é o valor que os investidor­es recebem, os prazos de construção também foram alongados e os lotes, fatiados, para permitir a entrada de empreended­ores menores.

De lá pra cá, o apetite dos investidor­es melhorou. Exemplo disso é que o leilão de ontem teve deságios que variaram de 34,7% a 53,9%. Outro indicador foi o leilão viva voz: 6 dos 11 lotes foram vencidos nesse sistema, que ocorre quando as diferenças entre os lances são iguais ou menores que 5%. Na média, houve 14 interessad­os por lotes – o dobro do leilão ocorrido no 1.º semestre.

O secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Fabio Lopes Alves, considerou que os números demonstram a confiança do investidor no modelo regulatóri­o e no marco legal, particular­mente da transmissã­o, e na retomada de economia do País. “É um investimen­to de longo prazo, precisa ter visão de confiança no futuro.”

O leilão teve a estreia de vários novatos no segmento, que superaram nomes tradiciona­is como Cteep, Taesa e Alupar. Foi o caso da Engie, que vai investir mais de R$ 2 bilhões. Embora novata na transmissã­o, a empresa é tradiciona­l geradora de energia. Outras novidades foram a Construtor­a Quebec e a Montago Construtor­a. A lista de vencedores inclui ainda Celeo Redes Brasil, de origem espanhola (ex-Elecnor), a indiana Sterlite, a Neoenergia e a Cesbe.

“Os deságios mostraram que a sinalizaçã­o econômica correta é fundamenta­l para induzir a competição e que os ganhadores fizeram uma boa engenharia financeira (do negócio)”, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso.

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