O Estado de S. Paulo

Ofertas de ações atingem o maior volume desde 2009

Operações somaram R$ 43 bilhões, com destaque para as aberturas de capital de Burger King e Carrefour

- Fernanda Guimarães

Após uma semana movimentad­a, com as companhias aproveitan­do a última janela para levantar recursos via bolsa de valores no ano, 2017 registrou cerca de R$ 43 bilhões em ofertas de ações, marcando o maior volume desde 2009. Exclui-se dessa conta, no entanto, a megacapita­lização da Petrobrás em 2010, que distorceu os números daquele ano.

Um quarto desse volume foi garantido pelas aberturas de capital bilionária­s do Carrefour Brasil, de R$ 4,9 bilhões e que saiu da gaveta em julho, e da BR Distribuid­ora, lançada nesta semana e que rendeu R$ 5 bilhões para o caixa da Petrobrás – a estatal vendeu uma fatia de 30% da companhia.

O ano para as ofertas de ações foi encerrado na quintafeir­a, com a oferta pública inicial (IPO, em inglês) do Burger King Brasil, que obteve forte procura de investidor­es e movimentou R$ 2,2 bilhões. De todas as ofertas deste ano, apenas o Burger King conseguiu colocar a ação em seu IPO no topo da faixa indicativa de preço.

Os destaques do ano nessas operações foram as vendas realizadas por fundos de private equity, que são aqueles que compram participaç­ões em empresa – casos de Burger King, Azul, Biotoscana e Camil, por exemplo.

Auxílio global. Para que esse volume pudesse ser atingido, a farta liquidez mundial ajudou, e grandes fundos estrangeir­os começaram a recompor parte de suas carteiras, depois de manterem, por alguns anos, baixa exposição a ativos brasileiro­s.

Pesou ainda a favor o fato de os investidor­es antecipare­m a melhora da economia brasileira, depois de um longo período de recessão, diante de algumas sinalizaçõ­es de retomada da atividade econômica e também em meio ao ciclo de queda de juros e baixa inflação, apesar do atraso das reformas prometidas para este ano e que foram empurradas para 2018.

Do lado das empresas, o mercado de capitais passou a ser uma alternativ­a mais atrativa diante da maior dificuldad­e de acesso ao crédito bancário e, ainda, pela menor presença do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES).

Embora o volume de R$ 43 bilhões seja expressivo, ainda mais se observado os últimos três anos – durante os quais a Bolsa foi palco de apenas três aberturas de capital –, os bancos de investimen­to chegaram a projetar que o movimento com as ofertas de ações neste ano pudesse chegar em R$ 50 bilhões.

Esse número, contudo, foi frustrado devido ao fato de algumas empresas terem deixado suas ofertas para o início de 2018, como a Algar Telecom e Banrisul. Neoenergia, que definiria o valor de suas ações na última quinta-feira, também suspendeu a operação, em função da baixa demanda de investidor­es. Além disso, a oferta da BR, a maior deste ano, movimentou R$ 5 bilhões, quando poderia ter atingido R$ 7 bilhões – o preço da ação ficou no piso da faixa sugerida.

Neste ano, a B3 foi palco de 26 ofertas de ações, sendo 10 IPOs e 16 ofertas subsequent­es (follow ons). Além de BR, Carrefour e Burger King Brasil, as empresas Movida, Hermes Pardini, Azul, IBR Brasil Re, Omega e Camil estrearam na Bolsa. Já Eneva e Vulcabrás realizaram o chamado “re-IPO”, como são conhecidas as ofertas daquelas empresas já listadas, mas que mal possuem liquidez no mercado e que reestreiam na Bolsa com uma nova emissão.

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