Processo contra Del Nero é dos EUA
Em dois anos de investigação, Fifa ainda não apresentou nenhum documento contra o presidente da CBF
Com 1300 páginas, o processo aberto pela Fifa contra o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, acumula todas as acusações feitas contra ele por testemunhas e pela defesa de José Maria Marin, em julgamento em Nova Iorque, nos EUA. Apesar de ter anunciado que investiga o brasileiro há dois anos, o inquérito produzido pela investigadora da Fifa, Maria Claudia Rojas, não produziu nenhum documento para o processo.
Na sexta-feira, a entidade suspendeu Marco Polo Del Nero por 90 dias, sob a justificativa de que há indícios suficientes para barrar suas atividades no futebol. No sábado, o Estado revelou como a decisão de afastar o cartola foi baseada também em motivações políticas.
A Fifa inclui as evidências apresentadas pelos procuradores norte-americanos de suposto recebimento de US$ 6,5 milhões (R$ 21,3 milhões) em propinas por parte de Del Nero. Estão incluídas as transcrições das testemunhas levadas ao tribunal em Nova Iorque, EUA.
A defesa do cartola vai argumentar que, pelo estatuto da Fifa, uma decisão de suspensão não pode ser tomada com base em “influência” de órgãos terceiros e que cabe aos próprios investigadores da Fifa produzir ou colher evidências. Pelo artigo 34 do Código de Ética da entidade, cabe aos seus membros realizar o trabalho de forma “totalmente independente” e sem a “influência de terceiras partes”. O processo promete ser longo. Nos próximos 90 dias, o tema será alvo de consideração pelo Comitê de Ética da Fifa, que anunciará uma punição definitiva. Se ele for banido, como ocorreu com outros cartolas, Del Nero não poderá manter qualquer relação com o futebol.
A defesa do dirigente quer acelerar o processo para permitir que, em caso de condenação, o caso possa ser tratado por uma entidade independente, que atuaria fora das considerações políticas da Fifa. No caso, o Tribunal Arbitral dos Esportes. Em qualquer uma das possibilidades, porém, Del Nero não poderá viajar para suas audiências para se defender nem diante da Fifa nem diante do Tribunal. Caso o faça, seria preso e extraditado aos EUA.