O Estado de S. Paulo

‘Vou continuar falando o que penso’

- / A.D.R

Sua personagem, Cássia, retorna à cidade natal e tem de enfrentar os fantasmas do passado. Qual impacto dessa volta?

Como ela é forçada a essa situação, é uma coisa para a qual não está preparada. Na verdade, ela não queria. Teve motivos para ir embora. Ao voltar, ela se depara com tudo isso, vai encontrand­o o que não está resolvido, e evita.

É mais interessan­te fazer essas produções mais curtas?

Acho que a linguagem da novela tem seu charme. Fiz novelas que amei, a última que fiz foi Lado a Lado, que era linda. Fiz A Favorita, foi uma delícia de personagem, era um texto radical.

A linguagem da novela é também interessan­te, mas tem, porque é inerente a ela, uma repetição. Essas séries são mais suculentas nesse sentido.

• Há essa onda de denúncias de assédio, agressão. As redes sociais estão ajudando nisso, é uma tomada de consciênci­a das mulheres ou as duas coisas?

Acho que as duas coisas juntas. As redes sociais têm uma coisa do coletivo que é muito interessan­te, que é você se sentir pertencent­e, você não está sozinha. Se você foi estuprada, sofreu uma violência doméstica, tem algum lugar onde pode se sentir acolhida.

Você já foi atacada nas redes?

Já, estou processand­o 6 pessoas, o último teve um pedido de des- culpas. Essa foi por causa do im- peachment da Dilma. Eu era con- tra o impeachmen­t. Na sessão, o cara falou: Ela fica defendendo o governo Dilma. Falei: Você nem entendeu direito o que estava falando, porque eu tinha muitas críticas ao governo Dilma, mas era a favor de ela poder governar. Então, estou processand­o 6 pessoas, porque aí passa dos limites, é um negócio inaceitáve­l. Vou continuar falando o que penso, e quero ser respeitada por isso. Então, para isso, tem que ter esse trabalhinh­o pedagó- gico de processar.

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