Uma pauta para 2018
Segurança e boa gestão financeira são duas das grandes prioridades nos condomínios. Mas a sustentabilidade vem logo em seguida e ela pode, em alguns casos, ser esquecida ou subestimada. Sustentabilidade é o quê, afinal? Embora seu conceito seja único, ela é uma atividade múltipla que ainda não gerou todas as perguntas que cabem. Nos condomínios e fora deles, sustentabilidade é uma luta em frentes diversas. O primeiro item que nos vem à mente é o da água. O que faremos com ela em 2018? Ao que tudo indica, a crise hídrica passou e a capacidade dos mananciais no Estado de São Paulo voltou ao ponto da pré-crise. O mérito deve ser creditado a São Pedro, que resolveu nos presentear com as chuvas. Nas ruas, não demorou muito para que empregados domésticos voltassem a lavar as calçadas com as mangueiras em lugar da limpeza a seco das vassouras.
Em termos de sustentabilidade, água e energia elétrica andam juntas. Quem economiza uma, economiza a outra. Nos condomínios, uma nova gama de produtos com tecnologia de ponta já garante maior economia no consumo desses recursos. Nesse sentido, geradores também são itens de sustentabilidade. Esses equipamentos não podem ficar fora das prioridades dos prédios. Assim como a água, energia elétrica pode faltar, afetando a segurança dessas comunidades. De propósito, não estamos nem falando em energia solar, mas alguns condomínios já contam com esse recurso inesgotável.
Outro item primordial de sustentabilidade que vai merecer atenção em 2018 é a coleta seletiva do lixo. Esse quesito já esteve mais em evidência e a pergunta agora é: estamos subestimando esse cuidado? A primeira regra é gerar menos lixo. Está provado que não sabemos lidar com o descarte do nosso lixo. Com esse gigantesco entulho, estamos poluindo o solo e os oceanos. A expressão “empurrar com a barriga” é perfeita para o que estamos fazendo com esse subproduto da vida urbana.
Além de ter chegado com grande atraso aos condomínios, a coleta seletiva, em si, não é uma solução completa. Ela precisa ser uma prática consciente e permanente. Precisa também ser entendida como boa gestão econômica e, a longo prazo, um ingrediente do progresso.
Em São Paulo ainda há milhares de condomínios residenciais ou comerciais que não dão um destino adequado ao seu lixo. Fora dos empreendimentos, a situação é ainda pior. Segundo o Tribunal de Contas estadual, mais de 90 cidades paulistas não fazem esse tipo de coleta. Segundo o levantamento, apenas 58,49% dos municípios possuem aterros preparados para recebimento adequado do lixo.
Talvez ainda não saibamos que lixões, mares e rios, por maiores que sejam, não são áreas inesgotáveis. Nosso lixo pode voltar-se contra nós. Para o condomínio, e fora dele, o recado é claro: precisamos abaixar o termostato do consumo. Estamos aprendendo. Falta uma noção mais completa do “custo coletivo” da não sustentabilidade. Estamos vivendo o sonho do crescimento ilimitado. Esse sonho se confunde com a própria vida civilizada e com o metabolismo das cidades – e gera mais lixo. Dentro e fora dos condomínios, é um sonho perigoso. Já que a sustentabilidade anda esquecida, ela pode ser uma pauta para a gestão condominial no próximo ano.