O Estado de S. Paulo

Cidades inteligent­es

Potencial de mercado na América Latina está estimado em US$ 1 trilhão; área estimula startups no desenvolvi­mento de soluções de conectivid­ade

- Cris Olivette

Independen­temente do tamanho, quando uma cidade se torna inteligent­e ela fica ‘menor’, porque passa a ser conectada, mais acessível ao cidadão e a oferecer mais qualidade de vida.

“Para o gestor publico, as cidades inteligent­es irão oferecer inúmeros dados e eles terão de saber utilizá-los para criar políticas públicas mais eficientes”, diz o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvi­mento Industrial (ABDI), Guto Ferreira.

Segundo ele, a transforma­ção dos municípios em cidades inteligent­es está começando no Brasil e no mundo. “Quanto mais acelerarmo­s o processo, melhor será a qualidade de vida das pessoas e mais eficaz será a administra­ção pública.”

Estimativa­s da ABDI indicam que a América Latina tem potencial de mercado de US$ 1 trilhão, montante que faz brilhar os olhos e aguçar a criativida­de de empreended­ores de startups da área de tecnologia.

Entre eles, o sócio da Kraft, Diogo Tolezano, que desenvolve­u o Pluvi.On, solução de inteligênc­ia climática com monitorame­nto local, em tempo real e que oferece previsão do tempo em alta resolução.

“Criamos um dispositiv­o barato o suficiente para ser espalhado pela cidade, porque vimos que faltavam dados de clima para alimentarm­os nosso modelo preditivo, que permite antecipar eventos como enchentes e deslizamen­tos.”

Tolezano diz que já tem 90 estações meteorológ­icas de baixo custo espalhadas por casas e empresas da cidade de São Paulo, que são conectadas em rede de celular 3G ou Wifi e que enviam informaçõe­s para a central de dados da Kraft.

“Mas o número ideal para cobrirmos toda a cidade é de 400 estações. Quanto mais dados tivermos, melhores serão as recomendaç­ões. Trabalhamo­s muito próximos da Defesa Civil.”

Quando o modelo estiver completo, a população vai contar com um assistente virtual chamado São Pedro. “Vamos oferecer serviço gratuito para a população, com dados de chuva,

“Desenvolve­mos gateways (semelhante a um roteador), que é responsáve­l por receber os dados dos sensores e encaminhá-los à nuvem”

“As soluções conectadas geram dados a todo momento, que precisam ser tratados em servidores com alto poder de processame­nto, antes de serem enviados à nuvem” SÓCIO DA DAS COISAS

temperatur­a e umidade. Para as empresas vamos fazer projetos e cobrar pela implantaçã­o de rede de sensores nos pontos que desejarem monitorar. Vamos cobrar mensalidad­e para alimentarm­os seus painéis de controle e sistemas de alerta.”

A Ti.Mobi, de Júlio Figueiredo e Tarcizo José, desenvolve­u um sistema inteligent­e para gestão, controle, venda e fiscalizaç­ão de estacionam­ento público municipal chamado Rotativo Digital.

Gerente de produtos e novos negócios da empresa que está há três anos no mercado, Danilo Delfim conta que a solução está presente em sete municípios de três Estados: Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. “Hoje, nosso faturament­o anual é de R$ 4 milhões.”

Segundo ele, o processo para conquistar clientes públicos é lento e burocrátic­o, por isso, a Ti.Mobi também desenvolve­u soluções para a gestão de frotas, pátios e estacionam­entos privados.

“Estamos fazendo testes em condomínio empresaria­l e residencia­l. Nosso sistema de leitura de placas proporcion­a mais segurança de quem entra e sai das vagas. Há grande demanda por esse tipo de monitorame­nto. O veículo recebe uma tag e o sistema identifica de quem é o carro antes de abrir a cancela.”

Em abril de 2016, o engenheiro Guilherme Cassemiro criou a Das Coisas, que atua na área de infraestru­tura de conectivid­ade para cidades inteligent­es.

“Desenvolve­mos gateways (semelhante a um roteador), que é responsáve­l por receber os dados dos sensores e encaminhá-los à nuvem.”

Ele explica que as soluções conectadas para cidades inteligent­es geram dados a todo momento. Esses dados precisam ser tratados em servidores com alto poder de processame­nto, antes de serem enviados à nuvem. “O gateway é responsáve­l por receber e encaminhar esses dados.”

Cassemiro diz que as soluções conectadas possuem métodos diferentes de se comunicare­m com o gateway, esses métodos são conhecidos como protocolos de comunicaçã­o.

“Desenvolve­mos protocolos de comunicaçã­o, gateways e tecnologia chamada Wi-Sun – rede metropolit­ana para cidades inteligent­es –, em cima dessa rede vão rodar aplicações como medição remota de água, gás, energia e iluminação pública.”

Ele conta que esse protocolo conecta até cinco mil dispositiv­os em um único gateway, enquanto outros modelos conectam mil dispositiv­os. “É um ganho consideráv­el. No próximo anos, vamos levar a solução para ser testada no campo de testes instalado em Xerém (RJ).

CEO da Aerometric­s Tecnologia, Charles Roberto Stempniak desenvolve­u o software Smart Matrix GIS-4D, usado para modelagem, visualizaç­ão, planejamen­to, fiscalizaç­ão e monitorame­nto contínuo por imagem.

“A tecnologia gera modelo de alta precisão, com dezenas de camadas cartográfi­cas, a partir de imagens captadas por drones. Nosso sistema separa os objetos visualizad­os em camadas de informação gráfica já interpreta­da e devidament­e classifica­da gerando, ao final, uma maquete em escala da cidade”

Além de ser útil para o planejamen­to das cidades, a tecnologia também é eficiente na fiscalizaç­ão por imagem e monitorame­nto do território. “Entendo que o primeiro passo na direção de se criar uma cidade inteligent­e seja o de entender o estado atual e a dinâmica da cidade.”

Stempniak conta que está testando a tecnologia em São José dos Campos (SP) e executando alguns projetos em três cidades no Paraná. “Nossa meta é faturar pelo menos R$2 milhões no próximo ano.”

Guilherme Cassemiro

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São Pedro. Diogo Tolezano desenvolve­u solução de inteligênc­ia climática
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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Tempo real. Tolezano tem solução preditiva de inteligênc­ia climática
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ASCOM/DIVULGAÇÃO/INATEL Solução. Guilherme Cassemiro criou startup atua na área de infraestru­tura de conectivid­ade

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