O Estado de S. Paulo

‘Brasil pode ser o centro de cidades inteligent­es na AL’

O conceito vem sendo discutido há muitos anos no mundo. No Brasil, ganhou ênfase nos últimos cinco anos

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O que está sendo feito para tornar as cidades mais inteligent­es?

Três iniciativa­s do governo federal são fundamenta­is para a evolução do conceito. A ação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es (MCTIC) ‘Cidades Digitais’ tem por objetivo cabear as cidades e levar sinal de internet, porque não existe cidade inteligent­e sem conectivid­ade.

Quantas cidades já foram beneficiad­as?

Mais de 100 cidades pequenas e médias estão sendo atendidas por programas pilotos, pois esse investimen­to, na verdade, cabe ao município. O governo federal age como indutor.

Qual é a outra iniciativa?

A segunda ação é o Plano Nacional de Internet das Coisas, também desenvolvi­do pelo MCTIC. Ele foi lançado em outubro de 2017 e terá maior efetividad­e em 2018.

E a terceira ação?

É uma aposta do ministério da indústria por meio de parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvi­mento Industrial (ABDI) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que é uma cidade de testes em Xerém, no Rio de Janeiro.

Por que nessa cidade?

O Inmetro mantém uma unidade em Xerém e tem funcionári­os e pesquisado­res que moram lá. Por ser um município, já possui os serviços que permitem que as tecnologia­s para cidades inteligent­es sejam testadas. A planta de testes está na fase de implantaçã­o.

O que será implantado?

Fizemos um edital e mais de 400 empresas se cadastrara­m. Agora, temos cerca de 80 empresas na cidade iniciando a implantaçã­o de suas propostas, que vão desde iluminação inteligent­e, semáforos inteligent­es, sensores inteligent­es em tubulações para questões de água e esgoto, sensor de inundação, compartilh­amento de carro etc.

Qual a abrangênci­a dos testes?

As empresas têm de implantar a solução em um ou dois pontos para que os dados possam ser mensurados. Conforme o resultado, elas recebem ou não a validação do equipament­o inteligent­e concedida pelo Inmetro e ABDI. Será bom para os gestores municipais terem uma referência na hora de contratar esse tipo de serviço.

• Quanto tempo vai durar o período de testes?

Cerca de dois anos, para que possamos testar todas as soluções. Além de saber se a tecnologia funciona, precisamos saber se ela funciona em médio prazo, porque temos várias situações ao longo do ano como muita chuva e pouca chuva. O volume de produção de lixo também costuma variar em algumas épocas. Por isso, precisamos ter esses comparativ­os sazonais para que a métricas sejam claras. As soluções aprovadas irão receber selo de validação do Inmetro e da ABDI.

E no mundo, com está a evolução das cidades inteligent­es?

Elas estão se desenvolve­ndo, prioritari­amente, com o desenvolvi­mento e investimen­to privado. No Brasil, isso já é uma possibilid­ade. Já temos várias startups e pequenas empresas investindo em questões de conectivid­ade, sensores, segurança, saúde etc. São pequenas coisas que interferem na construção de cidades inteligent­es.

E quais são as perspectiv­as?

Elas são positivas para os próximos cinco anos, apesar de ainda não termos uma cidade inteligent­e. Mas precisamos evoluir em serviços básicos como o lixo eletrônico, um problema que em dez anos será mais contaminan­te que o lixo orgânico e hospitalar.

Qual o potencial desse mercado?

A América Latina tem potencial de US$ 1 trilhão. Dois países podem se destacar: Brasil e Chile. O Brasil pelo tamanho de seu mercado consumidor e poder de exportar tecnologia, pode se tornar o centro de cidades inteligent­es na AL. E o Chile tem capacidade boa.

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CESAR OGATA/DIVULGAÇÃO/ABDI

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