FILMES E LIVROS: RELAÇÃO CADA VEZ MAIS ESTREITA
A Forma da Água, dirigido pelo mexicano Guillermo del Toro, venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, liderou as indicações para o Globo de Ouro e é um dos destaques literários – sim, literários – de 2018. O longa não foi inspirado em algum livro, como é comum, mas Del Toro, em parceria com o autor americano Daniel Kraus, escreveu um romance que expande o universo de seu filme e chega ao Brasil pela Intrínseca.
Outros pontos de contato interessantes entre o cinema e a literatura aparecerão no ano que vem. Mudbound, drama racial que se passa no Mississipi nos anos 1940 dirigido por Dee Rees, ganhou notoriedade no Festival Sundance de Cinema e o livro no qual foi baseado, de Hillary Jordan, será lançado em 2018 pela Sextante. A cineasta espanhola Isabel Coixet adaptou em 2017 A Livraria, de Penelope Fitzgerald, finalista do Man Booker Prize em 1978, que a Bertrand Brasil traz ao País no aniversário de 40 anos da obra. O Spirit Awards, principal premiação do cinema independente, indicou Me Chame Pelo Seu Nome, do diretor italiano Luca Guadagnino, a seis categorias, incluindo a principal. O filme é inspirado no livro de André Aciman, vencedor do Lambda Literary Award, importante prêmio da literatura LGBT, que a Intrínseca publicará em 2018.
Além dos filmes, as séries também terão seu parentesco com a literatura reforçado no próximo ano. O detetive Mario Conde, personagem dos romances do cubano Leonardo Padura, retorna em A Transparência do Tempo, que a Boitempo lança em 2018, dois anos após a tetralogia policial dos anos 1990 ser adaptada pela Netflix em Quatro Estações em Havana. A série Altered Carbon, que estreará no serviço de streaming em 2018, foi inspirada em livros de Richard Morgan. O primeiro título já está disponível no Brasil e o segundo, Broken Angels, chega no ano que vem pela Bertrand Brasil.
Enquanto a última temporada de Game of Thrones não vai ao ar, os aficionados pelo universo medieval e pelas tramas de George R.R. Martin poderão se deleitar com The Book of Swords, coletânea de contos que a Leya lança no ano que vem. A editora também prepara outra reunião de narrativas curtas: Make Something Up, de Chuck Palahniuk, autor de Clube da Luta, que David Fincher adaptou para o cinema em 1999.
Não é exatamente uma série, mas entre 1969 e 1970 foi ao ar no Brasil a novela global inspirada em A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe (1811-1896). O livro, escrito como folhetim entre 1851 e 1852 no jornal abolicionista National Era, de Washington, ajudou a libertar os escravos americanos (embora o ativista negro James Baldwin já tenha dito que se trata de um romance conformista) e ganhará nova edição no Brasil pela Via Leitura, que publica em 2018 outros dois clássicos que influenciaram o cinema: O Médico e o Monstro (1886), de Robert Louis Stevenson e Carmilla (1872), de Joseph Sheridan Le Fanu, manancial para Drácula (1897), de Bram Stoker./A.C.