O Estado de S. Paulo

• Redes sociais X economista­s

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Discussões contra e a favor da reforma da Previdênci­a ganharam as redes sociais – mas as informaçõe­s, como a de que a cobrança de dívidas de empresas acabaria com o déficit, são questionad­as por economista­s.

Ao longo do ano, as discussões sobre a reforma da Previdênci­a ganharam as redes sociais com informaçõe­s questionad­as pelos economista­s. “Querem que você morra sem se aposentar”, dizia um vídeo narrado pelo ator Wagner Moura. Na animação, do movimento Povo sem Medo, era criticada a determinaç­ão de uma idade mínima para aposentado­ria mais alta do que a expectativ­a de vida em Estados do Norte e Nordeste.

Paulo Tafner, pesquisado­r da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), diz que as diferenças regionais de expectativ­a de vida ao nascer não são relevantes nesse caso. “Um cidadão do Piauí e um de Santa Catarina, quando nascem, têm uma diferença de dez anos na esperança de vida. Mas aos 60, a diferença é de três anos.”

A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) também divulgou vídeos e textos contrários à reforma. Um deles apontava mais de 500 empresas, fundações, Estados e municípios com dívidas com a Previdênci­a Anúncio questiona números da Previdênci­a de R$ 426 bilhões – quase três vezes o déficit em 2016, de R$ 149,7 bilhões.

O professor da PUC-Rio José Márcio Camargo, lembra que a conta é alta por incluir dívidas de empresas falidas, como a Vasp. “É um processo longo na Justiça e resolveria o déficit por um ano, mas o problema voltaria em seguida.” Vanderley Maçaneiro, da Anfip, rebate. “A maioria das devedoras está em atividade e a cobrança seria educativa para que menos empresas devessem à Previdênci­a.”

Os anúncios não vieram apenas de quem era contra a reforma. No perfil do PMDB no Facebook, uma postagem dizia que se a reforma não passasse, o Bolsa Família e o Fies seriam cortados. Segundo o especialis­ta em finanças públicas Raul Velloso, mesmo com déficit, o governo pode realocar recursos para manter os programas. /

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JF DIORIO/ESTADÃO Contra.

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