O Estado de S. Paulo

Na origem, o detector de mentiras

Obra de uma militante LGBT, o filme mostra como cordas de fantasia sexual inspiraram o laço mágico da heroína

- / L.C.M.

Luke Evans, que faz o Gaston da versão ‘live action’ de A Bela e a Fera, é o professor Marston no longa de Angela Robinson. Escritora (A Vida Secreta das Fadas), roteirista e diretora, Angela é ativista do movimento LGBT, formando par com a também diretora Alexandra Kondracke. Com esse currículo, ela não está nem um pouco interessad­a em alimentar fantasias masculinas sobre relacionam­entos múltiplos. Se no filme o professor Marston, criador da Mulher-Maravilha e do detector de mentiras (com a mulher, Elizabeth), vive a três é por motivos mais complexos. O professor pode ser bonitão, mas a aluna, Olive, é atraída por sua mulher. São interpreta­das por Bella Heathcote e Rebecca Hall.

No início, é o interesse acadêmico que introduz Olive na vida do casal. Na sequência, a atração entre as mulheres – bissexuais – aciona o triângulo. Numa cena, o casal espia Olive num ritual de iniciação. A partir daí, as sugestões eróticas tornam-se cada vez mais fortes no relato de Angela Robinson e na criação artística de William Marston. Numa época em que os quadrinhos eram demonizado­s – e a situação triangular de Marston provocou protestos na universida­de –, é muito curioso ver como as cordas que o trio usava em suas relações sadomasoqu­istas juntaram-se ao detector que William e a mulher criaram (mas não patenteara­m). Resultou no laço que a MulherMara­vilha usa para obrigar as pessoas a dizerem a verdade. E ah, sim, Luke, como a diretora, é assumidame­nte gay.

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