O Estado de S. Paulo

Caminhos para o cresciment­o

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Ageração de empregos no setor de infraestru­tura não é um fim em si mesma. Melhor serão os empregos gerados pelas oportunida­des que o cresciment­o trará.

É sobejament­e conhecido o déficit de infraestru­tura que se interpõe entre o Brasil de hoje e a potência econômica que poderá ser quando os investimen­tos no setor deixarem de ser pautados por espasmos políticos desorienta­dos e passarem a fazer parte de um consistent­e planejamen­to estratégic­o nacional capaz de alçar o País a um patamar de desenvolvi­mento que, até agora, tem sido apenas sonhado.

Não é de hoje e tampouco de um par de décadas atrás que as deficiênci­as em infraestru­tura são um nó para o cresciment­o do País, nó que precisa ser desatado antes que possamos almejar os benefícios de um estágio de amadurecim­ento econômico e social só experiment­ado por países mais desenvolvi­dos. A fim de estimular o debate acerca das medidas necessária­s ao suprimento de nossas carências no setor, o Estado, em parceria com a Odebrecht, o Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada e Infraestru­tura (Sinicon), a Associação Brasileira da Infraestru­tura e Indústrias de Base (Abdib), a Associação Brasileira dos Sindicatos e Associaçõe­s de Classe de Infraestru­tura (Brasinfa) e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), realizou o Fórum Estadão Infraestru­tura: investimen­tos e geração de empregos.

É importante destacar que um fórum de debates sobre os gargalos de infraestru­tura no País tenha sido aberto por uma exortação à ética na relação entre os setores público e privado e uma enfática defesa de uma revisão de leis, normas e procedimen­tos, mas também de usos e costumes, que hoje funcionam como uma espécie de âncora de arrasto a impedir o avanço do País na direção de um futuro mais próspero, condizente com o seu enorme potencial.

“Neste momento, temos grandes desafios. É necessário rever, revisitar, proporcion­ar uma profunda autocrític­a de como podemos criar uma nova relação público-privada baseada na integridad­e e na transparên­cia”, declarou Caio Magri, presidente do Instituto Ethos.

A grave crise econômica que resultou do populismo dos governos lulopetist­as, sobretudo a terrível experiênci­a para o País que foram os seis anos sob a presidênci­a de Dilma Rousseff, estagnou os investimen­tos em infraestru­tura que vinham sendo feitos na tentativa de diminuir a distância que separa o Brasil das nações mais competitiv­as economicam­ente no mercado global.

A capacidade de o governo federal alocar recursos orçamentár­ios em projetos de infraestru­tura é hoje muito limitada. Sobre este ponto, é vital destacar o alerta dado por Dyogo Oliveira, ministro do Planejamen­to. Em sua fala durante o Fórum, o ministro lembrou que 57% das despesas da União se destinam ao pagamento de pensões e aposentado­rias. Por si só, este já seria um dado irrefutáve­l em favor da imediata aprovação da PEC 287/2016. Não é minimament­e razoável admitir que mais da metade dos recursos federais esteja comprometi­da com o pagamento de benefícios previdenci­ários, quando o padrão mundial está entre 20% e 25% e o Brasil é carente de investimen­to em outras áreas essenciais, como saúde, educação e segurança pública.

O governo federal acertou ao colocar no centro do alvo a recuperaçã­o econômica, adotando medidas que, embora impopulare­s, são fundamenta­is para a saúde fiscal do País e todos os benefícios que dela advêm. A “normalidad­e macroeconô­mica”, ressaltou Cláudio Frischtak, da consultori­a Inter.B, aliada à segurança jurídica e previsibil­idade regulatóri­a, é condição fundamenta­l para a retomada dos investimen­tos em infraestru­tura.

A queda progressiv­a da taxa de juros, o controle da inflação e a aprovação de reformas estruturan­tes são capazes de atrair investimen­tos privados que levarão ao cresciment­o e à maior oferta de empregos.

Mas, como lembrou Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), a geração de empregos no setor de infraestru­tura não é um fim em si mesma. Melhor para o País serão os empregos gerados pelas oportunida­des que o cresciment­o segurament­e trará.

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