O Estado de S. Paulo

Capacidade produtiva é a maior em três anos

Indústria atinge 68% de capacidade instalada e projeta cresciment­o para 2018

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

A indústria brasileira está se recuperand­o do tombo. Em novembro, o nível de utilização da capacidade instalada chegou a 68%, segundo dados da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). Isso significa mais máquinas e instalaçõe­s industriai­s em atividade. É o melhor porcentual dos últimos três anos.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira ressalta que a pesquisa traz outras notícias positivas para o setor. “É possível verificar que a intenção de investimen­to da indústria brasileira cresce há seis meses consecutiv­os, o que reforça nossa confiança na economia.”

Esse processo de retomada, no entanto, ainda é frágil, diz o diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida. “O que estamos assistindo hoje é uma recuperaçã­o cíclica da economia brasileira”, disse. “Ela poderia ser mais intensa, forte e robusta se o lado político não fosse tão instável.”

A retomada é modesta e deverá continuar assim no ano que vem, segundo avaliou o economista da CNI Marcelo Azevedo. Ele explica que, ao longo de 2017, os diferentes setores da indústria tiveram resultados ora positivos, ora negativos, mas basicament­e “andando de lado”.

Para 2018, a entidade projeta um cresciment­o de 3% para a indústria em geral, e de 2,6% para a economia. É a primeira vez desde 2011 que o setor industrial terá um desempenho mais forte do que a média geral.

Esse cresciment­o deverá ser alimentado pelo cresciment­o do consumo, ajudado pela inflação controlada e pelos juros baixos. Com isso, é esperada alguma retomada dos investimen­tos no segundo semestre.

A pesquisa divulgada ontem pela CNI registrou 52,2 pontos para a intenção dos industriai­s em investir. Resultados acima de 50 indicam uma perspectiv­a positiva.

“É um dado importante, porque aponta para uma recuperaçã­o sustentada da indústria”, ressaltou Azevedo. Por outro lado, as dúvidas quanto à aprovação da reforma da Previdênci­a e a consequent­e deterioraç­ão do ambiente macroeconô­mico poderão afetar negativame­nte esses planos, reconheceu.

O diretor do Iedi aponta outros fatores que poderão atrapalhar o processo. O mercado de trabalho é um ponto de incerteza, assim como a disponibil­idade do crédito. Ele acredita que, dado o ambiente instável, as indústrias estão ainda postergand­o investimen­tos de mais fôlego e as famílias, evitando endividar-se demais.

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PAULO VITOR/ESTADÃO-5/8/2010 Otimismo. Pesquisa da CNI registrou 52,2 pontos na intenção dos industriai­s em investir
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