O Estado de S. Paulo

Policiais fazem greve e comércio fecha no RN

Agentes da segurança cruzaram os braços por causa de salários atrasados; número de roubos a bancos e de veículos aumenta

- Ricardo Araújo ESPECIAL PARA O ESTADO / NATAL

Em meio a uma greve de policiais militares, civis e agentes penitenciá­rios, o governo do Rio Grande do Norte pediu ontem à Presidênci­a da República reforço no efetivo da Força Nacional e envio das Forças Armadas ao Estado. A União ainda não respondeu à solicitaçã­o. Com boatos de arrastões nas ruas, lojas fecharam as portas e potiguares voltaram mais cedo para casa em Natal.

Os servidores cruzaram os braços por causa do atraso no pagamento do salário de novembro e do 13.º. Ontem, PMs diminuíram o número de agentes e viaturas nas ruas da capital e do interior. Já a Polícia Civil só fazia flagrantes – todas as investigaç­ões e os cumpriment­os de mandados foram suspensos.

Ao menos 18 veículos foram roubados na madrugada de ontem na Grande Natal. A média diária é de sete registros por madrugada. Também houve três tentativas de explosão a bancos para roubo – movimento considerad­o atípico.

Além da redução do funcioname­nto do comércio, durante o ápice das compras de Natal, bancos interrompe­ram os serviços de caixas eletrônico­s, temendo novas tentativas de explosão. Nesta época do ano, a cidade também passa a receber grande número de turistas.

Até o pároco da Arquidioce­se de Natal, padre Valdir Cândido, sofreu sequestro relâmpago e teve o veículo, dinheiro e documentos pessoais levados pelos bandidos. “Ao final, eles (os criminosos) pediram: reze por nós”, relatou ele à polícia.

“Estava em uma loja fazendo compras com minha cunhada e percebemos uma movimentaç­ão estranha e os vendedores fechando as portas. Homens tentavam arrombar”, contou a dona de casa Alba Macedo. “Depois, ouvimos fogos de artifício, que pareciam tiros. Foi um tumulto generaliza­do. Muitos se jogaram no chão da loja, outras correram procurando abrigo pensando que era tiroteio.”

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal, disse que o comércio volta a funcionar normalment­e hoje, com garantia de reforço na segurança. Parte dos médicos e enfermeiro­s também não foi trabalhar por causa dos problemas de pagamento.

Reivindica­ções. Há 23 meses, o pagamento dos salários dos servidores estaduais potiguares ocorre fora do mês trabalhado. “A revolta dos servidores é generaliza­da”, declara a presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil, Paoulla Maués. Nas unidades prisionais, também foram suspensos o banho de sol, as revistas e as visitas, segundo Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios.

A administra­ção estadual aguarda a liberação de aproximada­mente R$ 750 milhões prometidos pela União, prevista para segunda-feira. “Estamos tentando encurtar esse prazo. Destaco aos servidores que estamos juntos, lado a lado, nessa batalha”, afirmou o governador Robinson Faria (PSD). A partir de hoje, serão pagos os salários dos servidores que ganham até R$ 2 mil.

Esta é a quarta crise de segurança que o Estado vive nos últimos anos. Em 2015, o governo do Rio Grande do Norte declarou emergência por causa de rebeliões em presídios. Em 2016 e em janeiro deste ano, houve uma série de ataques nas ruas, relacionad­os a facções criminosas, o que levou ao socorro das Forças Armadas.

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RICARDO ARAÚJO/ESTADÃO Impasse. Estado busca verba federal para pagar categoria

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