Corrupção ameaça governo peruano
Oescândalo de corrupção que abalou a governança no Brasil está se espalhando pela América Latina em decorrência das confissões da Odebrecht de que teria distribuído centenas de milhões de dólares em propina em mais de uma dezena de países. Mas em nenhum país latino-americano o estrago vem sendo tão grande quanto no Peru, onde dois ex-presidentes estão sendo processados e o atual pode ser afastado esta semana. O que piora a situação é que o presidente Pedro Pablo Kuczynski, alvo de um pedido de impeachment da oposição que será votado hoje, não parece ser culpado de nada além de esconder uma conexão, ainda que aparentemente indireta, com a Odebrecht.
Há poucas dúvidas de que a frágil democracia do Peru tenha sido corrompida pela Odebrecht. Mas a construtora disse que não fez nenhum pagamento ilegal a Kuczynski. Ela pagou US$ 4,8 milhões a duas consultorias de propriedade de Kuczynski e de um sócio durante uma década. Mas ele negou até recentemente que tivesse tido qualquer conexão com a Odebrecht. Kuczynski vem lidando mal com o problema, mas sua remoção apenas prejudicaria a democracia peruana. Eleito num pleito justo, ele pode ser afastado por iniciativa de uma opositora vencida, sob acusações vagas e num processo de apenas uma semana. Isso não é combate à corrupção: é abuso de poder.