O Estado de S. Paulo

Cabral é alvo de duas novas denúncias da Lava Jato no Rio

Procurador­ia vê prática de corrupção e lavagem em contratos de obras no Estado; ex-governador já responde a 18 acusações

- Roberta Pennafort Constança Rezende / RIO ELIANE CANTANHÊDE A colunista está em férias e volta no dia 29 de dezembro

A força-tarefa da Lava Jato no Rio apresentou mais duas denúncias contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que já é alvo de 18 acusações na Justiça Federal. As novas acusações são resultado da Operação C’est Fini, deflagrada no fim de novembro, e incluem os participan­tes do episódio que ficou conhecido como a “farra dos guardanapo­s”. Entre os denunciado­s também estão o ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner e o empresário George Sadala.

A C’est Fini resultou em três denúncias. Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou Cabral e outras quatro pessoas por irregulari­dades na Fundação Departamen­to de Estradas de Rodagem do Estado do Rio (Funderj). A ramificaçã­o do esquema, segundo as investigaç­ões, foi descoberta a partir dos desdobrame­ntos das Operações Calicute e Eficiência.

Essas investigaç­ões, segundo a Procurador­ia, “têm como escopo aprofundar o desbaratam­ento da organizaçã­o criminosa responsáve­l pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo Estado do Rio”.

‘Farra’. Sadala é um dos empresário­s que estiveram em Paris, em 2009, convidado pelo governo do Rio, para a cerimônia de entrega de uma medalha ao então governador Sérgio Cabral. Em jantar no hotel Ritz, secretário­s e empresário­s foram fotografad­os com guardanapo­s na cabeça e dançando. O episódio ficou conhecido com “farra dos guardanapo­s”.

Sadala era o “corruptor da iniciativa privada” na área de prestação de serviços relacionad­os ao programa Rio Poupa Tempo, segundo o Ministério Público. “Em troca de facilidade­s na contrataçã­o de suas empresas, ele garantiu o pagamento de propina, com o aporte de, ao menos, R$ 1,3 milhão em favor da organizaçã­o criminosa.”

A Procurador­ia afirma ainda que Fichtner recebeu recursos em espécie na ordem de R$ 1,5 milhão. “Fichtner, no exercício do cargo, solicitou e aceitou vantagem indevida para dar especial atenção para os interesses privados de empresário­s do setor da saúde, prestação de serviços de alimentaçã­o e limpeza, transporte público e construção civil”, diz a denúncia.

A defesa de Fichtner afirmou que “são falsas todas as acusações” contra ele. A defesa de Sadala disse que ele nunca fez pagamentos em troca de vantagens. O advogado de Cabral não se manifestou.

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