O Estado de S. Paulo

CRESCE A PROCURA POR TREINAMENT­OS EM COMPLIANCE NO PAÍS

Empresas brasileira­s buscam aprendizad­o em boas práticas e na transparên­cia da gestão de seu negócio

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OPaís passou a buscar boas práticas e mais transparên­cia na gestão de suas organizaçõ­es. Um sinal evidente desses novos tempos é a procura por empresas de treinament­o de compliance em todos os níveis hierárquic­os.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativ­a (IBGC), só neste ano foram 44 cursos realizados pelo órgão nas mais diversas formas, áreas de atuação e de experiênci­a dos participan­tes. Foram 12 só para formação de conselheir­os. No ano passado, havia apenas uma edição por ano. Para 2018, o primeiro curso, que começa em janeiro, já está com fila de espera, segundo Emílio Carazzai, presidente do Conselho de Administra­ção do órgão. Ele diz que o perfil dos alunos também mudou. “Até recentemen­te, era composto por conselheir­os que queriam se atualizar e completar algumas lacunas ou profission­ais em transição de carreira que tiA nham a aspiração de se tornar conselheir­os”, afirma.

Agora, existe uma variada gama de profission­ais que se relacionam com o conselho, composta de acionistas, executivos do primeiro escalão, auditores, etc. “Essas pessoas orbitam na periferia do conselho e querem entender como a entidade se comporta, quais as melhores práticas, o que é preciso adotar de forma compatível com os valores e necessidad­es da empresa”, finaliza Carazzai.

DO CHÃO DE FÁBRICA AO DIRETOR

Para atender todo esse público, o IBGC já tem mais de 20 cursos de curta duração em governança corporativ­a propostos para o ano que vem, desde a formação básica até um estágio mais avançado e em especial para empresas familiares. Sem contar os treinament­os in company (ministrado nas dependênci­as da empresa) conduzidos sob a forma de workshops, cursos, seminários e palestras, caracteriz­ados sob me- dida para a cultura, a estrutura e o momento vivido pelas organizaçõ­es.

O aumento da demanda levou a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo a reestrutur­ar a disciplina de governança no seu MBA em finanças. “Nosso público é composto principalm­ente de gestores que têm necessidad­e de entender que não basta implantar mecanismos de controle nas empresas”, afirma o professor Marcos Vinicius Gonçalves, do MBA em Controlado­ria, Auditoria e Compliance da FGV.

A busca de um entendimen­to mais aprofundad­o dessas políticas também levou o Ibmec a criar o seu primeiro curso de governança, riscos, controle e compliance em São Paulo. “Sentimos necessidad­e de formar primeiro os profission­ais que tinham um conhecimen­to básico sobre esse tema”, diz o coordenado­r, Daniel Sousa. “Mais para a frente, vamos desenvolve­r cursos de mais longa duração, sem contar o fato de que governança corporativ­a é uma disciplina presente em todos os nossos cursos de economia, administra­ção, negócios, finanças e logística.”

Segundo Claudio Peixoto, líder da área de compliance e investigaç­ão de fraudes da consultori­a Mazars Cabrera, a conscienti­zação sobre os temas de compliance é construída por meio de treinament­os contínuos, que podem ser de diferentes formatos — presencial, online, cursos, seminários —, desde que o aprendizad­o seja evolutivo, e as situações relacionad­as à ética e integridad­e estejam presentes na rotina de todos. “É preciso criar políticas e processos para a empresa trabalhar de maneira adequada, mas depois é essencial comunicar aos funcionári­os para que saibam o seu papel e como atuar no dia a dia”, diz Peixoto.

O consultor lembra ainda a importânci­a dos agentes de compliance, principalm­ente em empresas de grande porte com filiais em várias partes do País. Eles são responsáve­is pela disseminaç­ão da cultura de integridad­e em todos os níveis de atividade. “São essas pessoas que acompanham o dia a dia da organizaçã­o, sabem das dificuldad­es e monitoram se todos estão tomando as decisões certas na operaciona­lização da companhia”, lembra.

“Nosso público é composto principalm­ente de gestores que têm necessidad­e de entender que não basta implantar mecanismos de controle nas empresas” MARCOS VINICIUS GONÇALVES, FGV

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