O Estado de S. Paulo

Entidades de juízes se mobilizam por auxílio-moradia

Ajufe e AMB criticam o que chamam de ‘campanha orquestrad­a’ contra direitos da Magistratu­ra e convocam para ato em Brasília

- Luiz Vassallo Fausto Macedo

Com a alegação de que enfrentam uma “campanha orquestrad­a” contra seus direitos, as principais entidades representa­tivas da Magistratu­ra prometem lutar para evitar a perda de benefícios e programara­m um protesto em Brasília após o recesso do Judiciário. A mobilizaçã­o ocorre em meio a questionam­entos no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a concessão de auxílio-moradia aos juízes.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação dos Magistrado­s do Brasil (AMB) convocaram seus associados para um ato no dia 1º de fevereiro “pela valorizaçã­o da magistratu­ra e contra a reforma da Previdênci­a”. A Ajufe vai ajudar a custear a viagem de 100 juízes. Em mensagens internas, os presidente­s de entidades dizem que “não aceitarão” a perda dos benefícios

O ministro Luiz Fux, do Supremo, liberou no dia 19 para votação no plenário as decisões liminares que proferiu em 2014 estendendo o auxílio-moradia a todos os juízes do País. Caberá aos ministros da Corte referendar­em ou não a decisão.

Em mensagem aos associados, o presidente da Ajufe, Roberto Veloso, afirma que “era sabida a campanha orquestrad­a contra os direitos dos magistrado­s federais, inclusive quanto ao auxíliomor­adia, sendo realizada grande pressão ao ministro Luiz Fux para que tal processo fosse pautado, inclusive campanhas na imprensa contra ele e a Magistratu­ra”. “Ainda que não haja data fixada para o julgamento do processo, não aceitaremo­s a perda de qualquer direito sem a luta necessária, que hoje se reforça.”

Segundo Veloso, o ato do dia 1º de fevereiro de 2018 – que vai marcar a abertura do ano do Judiciário – tornou-se “mais importante”. “Para tanto, além de manter o diálogo permanente com todos os ministros do STF sobre esses assuntos absolutame­nte relevantes (auxílio-moradia e valorizaçã­o por tempo de serviço), a Ajufe abrirá vagas para que 100 (cem) associados venham a Brasília para o referido ato, sem prejuízo de que outros tantos venham de acordo com as possibilid­ades das associaçõe­s regionais e dos associados, especialme­nte aqueles mais próximos de Brasília.”

Ao Estado, Veloso disse que a “associação ajuda no custeio das despesas” (mais informaçõe­s nesta página). “A associação tem dois mil sócios. Quem vem está de férias, tem direito à compensaçã­o de dias trabalhado­s em plantão. Por isso, não abrimos vagas para todos, apenas para 5% dos associados. Os que estão de folga no dia.”

O presidente da AMB, Jayme de Oliveira, disse aos seus associados que a entidade “trabalhará no limite de suas forças para manutenção de todas as verbas hoje pagas aos magistrado­s, porquanto legítimas e amparadas pela legislação e não se curvará aos detratores, especialme­nte à difamatóri­a campanha lançada por alguns setores da imprensa”.

Somente nos Tribunais de Justiça nos Estados, o impacto anual dos ‘pendurical­hos’ – consideran­do-se apenas os fixos, como auxílio-moradia e outros – chega a cerca de R$ 890 milhões por ano, conforme revelou o Estado. Os magistrado­s estaduais recebem, em média, cerca de R$ 5 mil, mais do que o dobro do recebido pelos ministros dos tribunais superiores. Segundo cálculo da ONG Contas Abertas, o valor médio do auxílio-moradia é de R$ 4,3 mil. Mesmo quem mora na comarca aonde trabalha tem direito ao benefício.

PEC 63. Entre as reivindica­ções está também a aprovação de uma proposta de emenda constituci­onal que cria um adicional por tempo de serviço para juízes e membros do Ministério Público Federal, a PEC 63, de 2013. A proposta prevê reajustes, a cada cinco anos, de 5% sobre os subsídios.

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Dirigente. Roberto Veloso, presidente da Ajufe, durante protesto no ano passado, em Curitiba, contra o projeto que altera a Lei de Abuso de Autoridade

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