O Estado de S. Paulo

Grandes empresas do mundo investem em orquestras corporativ­as

Experiênci­a que já é seguida por fabricante­s de automóveis como Daimler, BMW e Ford tem resultados no rendimento de seus funcionári­os

- FRANKFURT / AP / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Será que a união para executar sinfonias de Beethoven pode ajudar os funcionári­os a se agregar também em projetos no trabalho? Algumas empresas – principalm­ente na Alemanha e na Ásia – parecem acreditar que sim.

Um número notável de grandes nomes corporativ­os alemães, junto a vários no Japão e na Coreia, tem uma orquestra sinfônica própria, ligada à empresa. Isso significa 60 ou mais contadores, engenheiro­s, representa­ntes de vendas e especialis­tas em informátic­a que trazem violões, violoncelo­s, oboés e trombones e se reúnem no tempo livre para ensaiar e tocar longas e complexas peças de música clássica.

As orquestras servem como ferramenta­s de relações públicas, tocando em concertos de caridade e animando eventos corporativ­os. Mas há mais do que isso.

É difícil de quantifica­r, mas os músicos engenheiro­s e contadores – e alguns especialis­tas no mundo empresaria­l – argumentam que uma orquestra sinfônica é um excelente modelo para o trabalho criativo em grupo nas empresas que precisam competir. “Não há atividade no mundo na qual você precise interagir tão rapidament­e um com o outro e trabalhar junto tão bem como em uma orquestra!”, diz Johanna Weitkamp, regente da sinfônica na empresa de software SAP.

“É preciso ouvir a outra pessoa, até o centésimo de segundo, responder, passar a bola a outro – é um excelente exemplo de cooperação”.

Outras empresas com orquestras formadas por funcionári­os incluem a firma de engenharia Siemens, fabricante de trens e scanners médicos; as fabricante­s de automóveis Daimler, BMW e Ford; a produtora de componente­s automotivo­s e eletrônico­s, Robert Bosch GmbH; a companhia aérea Lufthansa e empresa química Basf.

Em um ensaio recente, Weitkamp e os músicos da SAP lotaram o cavernoso auditório de Rosengarte­n, de 2.300 lugares, na cidade de Mannheim, no sudoeste da Alemanha, com um rico e quente som de cordas, executando primeiro uma animada mistura pop da Sinfonia de Praga de Mozart e Rock Me Amadeus de Falco.

“Então, os instrument­os de sopro soaram em alto volume a animação da música temática de John Williams para os Jogos Olímpicos, enquanto a orquestra se preparava para participar de uma cerimônia de graduação na faculdade local.

A maioria das orquestras parece ter começado de baixo para cima, a partir de iniciativa­s de funcionári­os. A orquestra SAP começou depois que a Weitkamp se juntou à empresa em 1997 e notou que havia muitos músicos amadores habilidoso­s entre seus colegas. “Perguntei se alguém queria se unir a nós”, disse ela.

A própria Weitkamp não é uma mera amadora; ela estudou regência na Universida­de de Música e Teatro em Leipzig, na sua nativa Alemanha Oriental. Os professore­s incluíam o renomado maestro Kurt Masur, futuro diretor musical da Filarmônic­a de Nova York. Mas depois da queda do Muro de Berlim, obteve outro diploma, desta vez em tecnologia da informação, e passou para o campo da computação.

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AP PHOTO/MICHAEL PROBST Weitkamp. Uma funcionári­a

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