O Estado de S. Paulo

Paralisaçã­o de policiais é ilegal

Desembarga­dora determinou retomada de atividades dos agentes, que protestam contra o atraso de salários; Grande Natal tem alta de crimes

- Luiz Vassallo Ricardo Araújo

A Justiça considerou ilegal a greve de policiais civis e militares no Rio Grande do Norte e determinou a retomada das atividades. Desde o dia 19, as operações foram reduzidas e a violência aumentou no Estado.

A Justiça considerou ilegal a paralisaçã­o de policiais militares e civis no Rio Grande do Norte e determinou a retomada das atividades. Desde o dia 19, agentes de seguranças reduziram a operação ao mínimo possível em protesto contra o atraso de salários. Por isso, o comércio tem fechado as portas e os crimes aumentaram na Grande Natal.

A decisão foi tomada pela desembarga­dora Judite Nunes, do Tribunal de Justiça potiguar. As associaçõe­s que representa­m praças, cabos, oficiais, bombeiros e policiais civis, porém, ainda não foram comunicada­s oficialmen­te e o trabalho não foi retomado. A sentença impõe multa de até R$ 30 mil em caso de descumprim­ento.

Em nota, o Sindicato dos Policiais Civis manteve o posicionam­ento de que não há greve, mas um movimento para cobrar “a garantia do direito básico do trabalhado­r, que é o salário em dia”. A Associação de Subtenente­s, Sargentos Policiais e Bombeiros diz trabalhar de acordo com as condições “estruturai­s e financeira­s” oferecidas pelo Estado. Com a paralisaçã­o, só 20% dos PMs estão nas ruas.

O Supremo Tribunal Federal decidiu, em abril, que servidores públicos que atuem diretament­e na atividade-fim da segurança pública não têm direito a greve. Um dos mais recentes movimentos do tipo foi em fevereiro, no Espírito Santo, onde policiais fizeram um motim.

No fim da semana passada, o governo federal enviou 70 agentes da Força Nacional para ajudar o Rio Grande do Norte. Mas a União não vai repassar os R$ 600 milhões esperados pelo Estado para pagar o salário de novembro e o 13.º dos servidores.

Desde o dia 18, a média diária de roubo de veículos tem sido de 21 ocorrência­s – ante 13 por dia em agosto, último mês com dados disponívei­s. Durante a semana, também houve 21 lojas arrombadas e três agências bancárias explodidas, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Na maioria dos casos, os bandidos usam um carro roubado para derrubar a porta de vidro ou de metal do estabeleci­mento. Os principais alvos são lojas de roupas, eletrodomé­sticos, eletroelet­rônicos e perfumes.

“Mais uma vez, minha loja foi arrombada. Levaram tudo, todas as mercadoria­s expostas e as que estavam no estoque”, conta o dono de uma loja de roupa masculina em Igapó, na zona norte da capital, que preferiu não se identifica­r. “Os vizinhos ouviram tudo, mas tiveram medo de sair de casa. E cadê a polícia? Quem a gente chama numa hora dessas? O prejuízo é enorme”, acrescento­u ele.

Com boatos de arrastão, o comércio fechou mais cedo durante a semana, mesmo no auge das compras de Natal. A Câmara de Dirigentes Lojistas vai pedir ao Estado ressarcime­nto de impostos pagos por produtos roubados. Pela cidade, há fachadas destruídas e até barricadas de caçambas em frente a lojas para evitar ações criminosas. Celebraçõe­s. A falta de policiamen­to mudou até o horário da Missa do Galo na Catedral Metropolit­ana de Natal, antecipada de meia-noite para às 20 horas anteontem. “Por causa da inseguranç­a, percebemos que os fiéis buscam missas mais cedo. Por isso, antecipamo­s a última missa”, explica o pároco da catedral, padre Valdir Cândido.

Em casa, a festa de Natal foi encurtada. “Reuni a família mais cedo e evitamos ficar na calçada conversand­o, como de costume. Não temos mais direito de ir e vir. É assustador”, diz a aposentada Adaltiva Morais.

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RICARDO ARAÚJO/ESTADÃO Medo. Comerciant­es fazem barricadas para evitar saques
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