Febre amarela interdita mais 10 parques na capital
Morte de macacos com suspeita da doença em Itapecerica da Serra motivou medida; vacinação é ampliada para distritos da zona oeste
Após a confirmação da morte de primatas por febre amarela em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, a Prefeitura da capital anunciou ontem o fechamento de mais dez parques na cidade, que já tem 16 áreas interditadas. A vacinação será ampliada para distritos das regiões sul e oeste. Das novas áreas, quatro são de parques lineares que não têm delimitação física. Por isso, a Prefeitura recomenda a não visitação dos locais.
A Prefeitura de São Paulo vai fechar a partir de hoje mais dez parques municipais, nas zonas sul e oeste, como medida preventiva contra a febre amarela. A vacinação também será ampliada para cinco distritos dessas duas regiões. Os parques tiveram visitação suspensa após a confirmação da morte de primatas pela doença em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Até agora, não há registro de pessoas infectadas na capital.
Das dez unidades, quatro são parques lineares, que não têm delimitação física. Por isso, a entrada nos locais não é bloqueada, mas há recomendação de que não sejam visitados. Desde outubro, a cidade tem outros 16 parques fechados, a maioria na zona norte, pelo mesmo motivo. Agora, no total, estão fechadas 23 unidades municipais e 3 estaduais – da Cantareira, do Horto e o Parque Ecológico do Tietê, este na zona leste.
Apesar da ampliação do fechamento de parques para as zonas sul e oeste, não foram registrados adoecimento ou morte de macacos pelo vírus nessas regiões. A suspensão da visitação por tempo indeterminado, diz a Secretaria Municipal de Saúde, se trata de “medida cautelar”.
Neste ano, foram registrados 24 casos autóctones da doença no Estado – dez evoluíram para a morte do paciente, todos no interior paulista. Entre primatas, houve 2.211 mortes com suspeita de febre amarela. Desses, a doença foi confirmada em 534 animais – 71% na região de Campinas. Nas últimas semanas, o vírus começou a avançar pela Grande São Paulo – foram 88 óbitos de macacos confirmados na capital e em seis cidades do entorno neste ano.
Imunização. Anteontem, a Prefeitura incluiu o distrito Raposo Tavares, na zona oeste, na campanha de imunização. A meta é imunizar 70 mil moradores da área. Na zona sul, a campanha ocorre nos distritos de Jardim Ângela, Parelheiros, Marsilac e parte do Capão Redondo, por causa da proximidade com Itapecerica da Serra. Até anteontem, 68,2 mil pessoas já haviam sido imunizadas na região. A meta de vacinação para essa área é de 500 mil.
Além disso, a secretaria segue com a campanha na zona norte, que teve início em 21 de outubro e já imunizou 1,1 milhão de pessoas. No início de novembro, quando o parque Ecológico do Tietê foi fechado, dois bairros da zona leste foram incluídos na força-tarefa de imunização. Segundo a Prefeitura, a ação não está mais ocorrendo na zona leste porque toda a população da região foi vacinada.
Ontem, o Ministério da Saúde também autorizou o repasse de R$ 15,8 milhões para a campanha de vacinação contra a febre amarela no Estado.
Primatas. A Secretaria de Saúde paulista informou que tem feito trabalho “preventivo e contínuo” de monitoramento no Estado, com ênfase nos corredores ecológicos, para traçar as estratégias de vacinação.
Para Celso Granato, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é correta a conduta de criar um “cinturão” de isolamento e vacinação nas áreas em que houve morte de primatas. “O grupo de risco é quem mora perto dessas áreas e pode ser picado pelo mosquito. Por isso, é preciso priorizar a vacinação”, avalia. “Estamos registrando as mortes de macacos há algum tempo e poucos casos em humanos, por isso, entendo que a situação está bem controlada.”