O Estado de S. Paulo

Ex-chefe da Defesa Civil na BA diz que buscou mala de dinheiro para Geddel

Gustavo Ferraz relata que o montante era parte dos R$ 51 milhões apreendido­s em um apartament­o em Salvador

- Luiz Vassallo Breno Pires / BRASÍLIA

O ex-chefe da Defesa Civil de Salvador Gustavo Ferraz, aliado do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), disse em depoimento à Polícia Federal que, em 2012, buscou mala de dinheiro em um hotel em São Paulo para o peemedebis­ta. Segundo Ferraz, Geddel afirmou que o dinheiro seria utilizado nas “campanhas de prefeitos e vereadores do PMDB” na Bahia.

Ferraz disse que nunca esteve no apartament­o em Salvador onde a PF apreendeu R$ 51 milhões em espécie. Segundo ele, suas impressões digitais foram encontrada­s em cédulas que estavam no imóvel na capital baiana porque o dinheiro que ele diz ter transporta­do de São Paulo para Salvador em 2012 era parte dos R$ 51 milhões.

O “bunker” em Salvador foi descoberto no dia 5 de setembro. Ferraz prestou depoimento três dias depois. Digitais de Geddel também aparecem nas notas de dinheiro. Os dois foram presos no mesmo mês. Em dezembro, a Procurador­ia-Geral da República denunciou o ex-ministro, Ferraz e mais quatro pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do “bunker”. A Procurador­ia da República no Distrito Federal, ao pedir a prisão de Ferraz, afirmou que ele era o “interposto” de Geddel.

O ex-chefe da Defesa Civil relatou ainda à PF que foi informado pelo ex-ministro de que “a entrega do dinheiro seria intermedia­da por outra pessoa” com quem ele deveria se encontrar no hotel. Esse intermediá­rio não foi identifica­do no depoimento de Ferraz. Depois, seguiram para um escritório “sem identifica­ção externa”, onde Ferraz recebeu uma mala de dinheiro de “tamanho pequeno, compatível com as permitidas no interior de aviões”.

Na sequência, foi levado até o aeroporto de Congonhas. A viagem até Salvador, relatou, foi feita em um voo fretado. Ao chegar à capital baiana, Ferraz disse ter sido levado por um motorista do PMDB até a casa de Geddel, onde o dinheiro – notas de R$ 50 e R$ 100 – foi conferido.

‘Traído’. O depoimento de Ferraz registra ainda que o ex-chefe da Defesa Civil disse que se sentiu “traído” ao descobrir que parte do dinheiro que foi buscar para candidatos peemedebis­tas baianos nas eleições de 2012 foi encontrada no bunker dos R$ 51 milhões.

Procuradas, as defesas de Geddel e Gustavo Ferraz não haviam se manifestad­o até a conclusão desta edição.

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ADILTON VENEGEROLE­S/AGÊNCIA A TARDE-16/3/2017 Cargo. Gustavo Ferraz foi chefe da Defesa Civil de Salvador

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