Israel pretende erguer ‘Estação Trump do metrô’ em Jerusalém
Parada de trem próxima ao Muro das Lamentações homenageará americano por declarar a cidade capital israelense
O governo israelense pretende homenagear o presidente americano, Donald Trump, em retribuição pelo fato de ele ter reconhecido Jerusalém como capital de Israel, dando o nome do magnata a uma estação de trem subterrânea na Cidade Santa. E o local exato da futura construção poderá causar tanta indignação quanto a declaração de Trump.
O ministro dos Transportes israelense, Yisrael Katz, informou ontem que uma parada de trem projetada para ser construída nas proximidades do Muro das Lamentações, em Jerusalém Oriental, será batizada como “Estação Donald Trump” – no coração da Cidade Velha, no centro da região em que os palestinos querem instalar sua capital caso obtenham seu Estado. Jerusalém Oriental está ocupada por Israel desde 1967, quando o país conquistou a região na Guerra dos Seis Dias.
“Decidi nomear a estação do Muro das Lamentações em homenagem ao presidente dos EUA, Donald Trump, por sua decisão corajosa e histórica de reconhecer Jerusalém como capital do povo judeu e do Estado de Israel”, declarou Katz.
A estação servirá a uma extensão subterrânea de uma linha ferroviária de alta velocidade que o governo israelense pretende construir entre Tel-Aviv e Jerusalém. No entanto, segundo Israel, o projeto ainda está no papel – e uma porta-voz do Ministério dos Transportes disse que outros departamentos ainda precisam aprová-lo.
Além da proximidade com Muro das Lamentações, sagrado para os judeus, e a Esplanada das Mesquitas, sagrada para os muçulmanos, o percurso da futura rota subterrânea passará nas imediações da Igreja do Santo Sepulcro, onde, acreditam os cristãos, Jesus foi sepultado. Escavações anteriores feitas por Israel na Cidade Santa já causaram reações violentas. A proposta da linha de trem sob Jerusalém Oriental deverá encontrar resistência ainda de países árabes e da comunidade internacional.
O anúncio de Katz – que é considerado um dos possíveis sucessores do premiê israelense, Binyamin Netanyahu – foi rapidamente condenado por líderes palestinos, irritados com a decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, no dia 6, e determinar a transferência da embaixada americana para a cidade – anulando, desta maneira, qualquer possibilidade de retomada das negociações entre israelenses e palestinos intermediadas pelos EUA. “O governo extremista israelense está tentando correr contra o tempo para impor fatos”, afirmou Wasel Abu Youssef, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação Palestina.