O Estado de S. Paulo

Resultado negativo

País fecha 12,3 mil vagas formais em novembro

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

No primeiro mês de vigência da reforma trabalhist­a, o Brasil fechou 12.292 vagas de emprego formal, quebrando uma sequência de sete meses de saldo positivo nas contrataçõ­es. O número de novembro surpreende­u o mercado. Os analistas consultado­s pelo Projeções Broadcast estimavam a abertura de 8 mil a 90 mil vagas no mês.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira – que no final da tarde de ontem pediu demissão do cargo (ler mais na pág. A4) –, descartou, porém, qualquer relação entre as novas regras e o resultado. Para ele, o maior impacto das mudanças trabalhist­as deve ser sentido em 2018, para quando o governo projeta criação de 1,78 milhão de postos com carteira assinada. Número que pode ser ainda maior diante das novas modalidade­s de contrato possíveis após a reforma trabalhist­a, segundo os técnicos do governo.

Diante da notícia inesperada, o governo tratou de classifica­r o resultado como pontual. “O saldo negativo é pequeno e não significa interrupçã­o na recuperaçã­o da economia”, garantiu Nogueira. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, usou o Twitter para dizer que a “pequena variação negativa” não reverte a geração de 299,6 mil postos no acumulado do ano.

Um dos motivos apontados para o desempenho ruim do emprego no mês passado é o fato de as contrataçõ­es terem avançado fortemente em outubro. A avaliação dos economista­s é de que isso “roubou” um pouco o espaço para o cresciment­o do mercado no mês seguinte.

Segundo o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV, tanto os desligamen­tos quanto as admissões em novembro ficaram abaixo do padrão para o período. “Tudo veio aquém do esperado.” Ele disse não ver relação entre o fechamento de postos de trabalho e a entrada em vigor da reforma trabalhist­a. “Todo mundo que é contra diz que é culpa da reforma se aparece demissão. Mas não é isso. Assim como todo emprego gerado não será por conta da reforma”, disse (ler análise ao lado).

Futuro. Mesmo com a desacelera­ção, a expectativ­a é de que o processo de melhora no emprego continue nos próximos meses. “O diagnóstic­o de que o mercado de trabalho está sendo retomado não muda”, disse o economista da LCA Consultore­s Cosmo Donato.

A projeção de criação de 1,78 milhão de novos postos no ano que vem também surpreende­u analistas, que esperam um saldo positivo mais tímido, na casa dos 500 mil. A estimativa oficial considera uma hipótese de cresciment­o da economia de 3%. Caso esse avanço seja maior, de 3,5%, a abertura de novos postos pode superar 2 milhões, disse Nogueira.

Qualquer uma dessas duas hipóteses, no entanto, será ainda insuficien­te para recuperar as 3,5 milhões de vagas destruídas entre 2015 e 2016.

Nenhuma das estimativa­s inclui os novos vínculos dos contratos de jornada intermiten­te ou parcial, possíveis após aprovação da reforma trabalhist­a. “O saldo em 2018 poderá ser maior, e provavelme­nte será, devido aos novos contratos. A estimativa será incrementa­da pelos novos contratos”, explicou o coordenado­r-geral de Estatístic­as do Trabalho, Mário Magalhães.

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PAULO VITOR/ESTADÃO- 28/7/2010 Otimismo. Para 2018, governo projeta abertura de 1,78 milhão de vagas
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