Novembro não foi tão ruim como parece
Oresultado do Caged surpreendeu negativamente. Esperava-se uma geração líquida de 20 mil postos de trabalho em novembro, mas houve destruição de 12,3 mil postos formais. No entanto, com ajuste sazonal, o resultado de novembro foi o segundo melhor do ano, com apenas redução de 10,7 mil postos de trabalho. O resultado negativo de novembro não sugere uma quebra da recuperação do mercado de trabalho. O saldo líquido de novembro sazonalmente ajustado só não é melhor do que o de outubro (+37,8 mil), o único positivo do ano. A surpresa de novembro decorre da recuperação não linear de nossa economia, com meses de recuperação mais forte e outros mais fraca.
O resultado ruim do Caged animou os críticos da reforma trabalhista, que viram nos números as “marcas” da reforma, que já estaria mostrando as suas “garras”. Mas o resultado não parece ter sofrido impacto da reforma trabalhista. O número de desligamentos ajustados sazonalmente é 60 mil postos de trabalho inferior ao que ocorre normalmente nos meses de novembro.
A aceleração do crescimento econômico, de 1% em 2017 para 2,8% em 2018 (projeções do Ibre), tende a elevar a criação de postos formais de trabalho. O crescimento está sendo puxado por uma recuperação cíclica proporcionada pelo estímulo da política monetária que reduziu a taxa Selic. A projeção do Caged feita pelo Ibre para 2017 é de fechamento de 308 mil postos, seguido de geração de 515 mil novas vagas em 2018.
A reforma pode vir a ajudar na recuperação do emprego caso reduza a incerteza jurídica. O negociado sobre o legislado e os novos contratos tendem a reduzir essa incerteza e, com isso, o custo do trabalho. A reforma estimula a contratação formal e a maior duração do vínculo. A terceirização vai permitir ganhos de especialização que ampliam a produtividade da economia, seu crescimento e a geração de empregos.
É PESQUISADOR DO IBRE/FGV