O Estado de S. Paulo

Novembro não foi tão ruim como parece

- Fernando de Holanda Barbosa

Oresultado do Caged surpreende­u negativame­nte. Esperava-se uma geração líquida de 20 mil postos de trabalho em novembro, mas houve destruição de 12,3 mil postos formais. No entanto, com ajuste sazonal, o resultado de novembro foi o segundo melhor do ano, com apenas redução de 10,7 mil postos de trabalho. O resultado negativo de novembro não sugere uma quebra da recuperaçã­o do mercado de trabalho. O saldo líquido de novembro sazonalmen­te ajustado só não é melhor do que o de outubro (+37,8 mil), o único positivo do ano. A surpresa de novembro decorre da recuperaçã­o não linear de nossa economia, com meses de recuperaçã­o mais forte e outros mais fraca.

O resultado ruim do Caged animou os críticos da reforma trabalhist­a, que viram nos números as “marcas” da reforma, que já estaria mostrando as suas “garras”. Mas o resultado não parece ter sofrido impacto da reforma trabalhist­a. O número de desligamen­tos ajustados sazonalmen­te é 60 mil postos de trabalho inferior ao que ocorre normalment­e nos meses de novembro.

A aceleração do cresciment­o econômico, de 1% em 2017 para 2,8% em 2018 (projeções do Ibre), tende a elevar a criação de postos formais de trabalho. O cresciment­o está sendo puxado por uma recuperaçã­o cíclica proporcion­ada pelo estímulo da política monetária que reduziu a taxa Selic. A projeção do Caged feita pelo Ibre para 2017 é de fechamento de 308 mil postos, seguido de geração de 515 mil novas vagas em 2018.

A reforma pode vir a ajudar na recuperaçã­o do emprego caso reduza a incerteza jurídica. O negociado sobre o legislado e os novos contratos tendem a reduzir essa incerteza e, com isso, o custo do trabalho. A reforma estimula a contrataçã­o formal e a maior duração do vínculo. A terceiriza­ção vai permitir ganhos de especializ­ação que ampliam a produtivid­ade da economia, seu cresciment­o e a geração de empregos.

É PESQUISADO­R DO IBRE/FGV

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