O Estado de S. Paulo

Trabalho intermiten­te teve 3 mil postos abertos

- BRASÍLIA / I.T.

O mercado de trabalho começou a refletir os primeiros impactos da reforma trabalhist­a em novembro. Foram abertas 3 mil vagas por meio de contratos de trabalho intermiten­te, que permitem às empresas chamar os trabalhado­res quando e se necessário, pagando apenas pelas horas cumpridas. O Ministério do Trabalho admite, porém, que não há como comprovar que todos esses empregados exerceram de fato a atividade no período.

É possível que as estatístic­as acabem incorporan­do contratos que foram assinados, mas que ainda não surtiram efeito econômico, ou seja, o empregado não trabalhou. “Pode ocorrer, mas não é a regra”, minimizou o coordenado­r-geral de Estatístic­as do Trabalho, Mário Magalhães. “Pode ser que um trabalhado­r tenha um, dois ou três contratos, mas não seja chamado em nenhum deles”, reconheceu. O técnico refutou críticas de que esses vínculos sem o exercício pleno da atividade seriam “contratos vazios”.

Os contratos de trabalho intermiten­te serão contabiliz­ados nas estatístic­as oficiais independen­temente do número de horas trabalhada­s. Não é possível verificar se o empregado foi remunerado por meio desses contratos, nem a média salarial desse grupo, no âmbito do Caged, que baseia as divulgaçõe­s mensais sobre a situação do mercado de trabalho formal. Essa checagem será possível apenas nos dados consolidad­os da Rais, anunciados no ano seguinte ao de referência, ou por meio do eSocial, cuja base de dados estatístic­os ainda não está disponível para acesso.

Além dos contratos de trabalho intermiten­te, o ministério anunciou ainda um saldo positivo de 231 postos de jornada parcial, que é inferior à jornada integral de 44 horas semanais. O resultado vem de 744 contrataçõ­es e 513 desligamen­tos. Entre as admissões, 321 foram feitas com contrato de jornada parcial acima de 24 horas, modalidade criada com a reforma.

O ministério informou ainda que quatro trabalhado­res registrara­m mais de uma admissão em jornada parcial em novembro. Houve ainda 805 desligamen­tos por acordo, ou seja, um acerto entre empregador e trabalhado­r para saída sem justa causa com pagamento de metade do aviso prévio e saque de 80% do FGTS.

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