O Estado de S. Paulo

Craque na política

George Weah é eleito presidente da Libéria.

- MONRÓVIA

O ex-jogador de futebol George Weah, de 51 anos, foi eleito presidente da Libéria, derrotando o vice-presidente Joseph Boakai, do mesmo partido da atual presidente Ellen Johnson Sirleaf. O anúncio foi feito ontem pela Comissão Eleitoral Nacional (NEC, na sigla em inglês), após a apuração de 98,1% dos votos. Sua posse, marcada para o dia 22, deve ser a primeira transferên­cia democrátic­a de poder no país desde 1944.

Único africano a ser eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa e ganhar a Bola de Ouro da revista France Football, em 1995, Weah, do partido Congresso pela Mudança Democrátic­a (CCD), obteve 61,5% do votos, contra 38,7% do atual vice-presidente do país, Joseph Boakai, do Partido da Unidade (PU).

O resultado final será divulgado hoje, quando Weah será declarado sucessor de Ellen. “Meus camaradas liberianos, sinto profundame­nte a emoção de toda a nação”, escreveu Weah no Twitter após o anúncio dos resultados. “Meço a importânci­a e a responsabi­lidade da imensa tarefa que abraço hoje. A mudança está a caminho.” O ex-jogador já havia vencido o primeiro turno, realizado em 10 de outubro, quando obteve 38,4% dos votos e deixou Boakai na segunda posição, com 28,8%.

No segundo turno, realizado na terça-feira, votaram cerca de 2,2 milhões de pessoas. A votação havia sido adiada em mais de um mês porque Boakai e outro candidato alegaram fraude no primeiro turno, em um recurso que a Suprema Corte rejeitou há poucas semanas.

Astro do PSG e do Milan nos anos 90, Weah sucederá a presidente em fim de mandato, em um país marcado pela pobreza, onde a maior parte dos cidadãos não possui energia elétrica ou água potável.

Antes da vitória nas urnas, Weah disputou sem sucesso as eleições presidenci­ais de 2005 e foi vice na chapa de Winston Tubman, em 2011. O ex-craque liberiano é senador desde 2014.

Ellen é a única mulher a chegar à chefia de Estado na África – ela governou a Libéria por 12 anos. Vencedora do prêmio Nobel da Paz, ela foi a principal responsáve­l por pacificar o país do oeste da África, após a guerra civil (1989-2003), que deixou cerca de 250 mil mortos.

Apesar dos avanços, Ellen é muito criticada, principalm­ente pela população jovem da Libéria, que diz que seu governo foi marcado por corrupção e por acusações de que ela fez pouco para tirar a maior parte dos liberianos da extrema pobreza.

A Libéria também foi atingida por uma crise do Ebola, que matou milhares entre 2014 e 2016, enquanto uma queda nos preços do minério de ferro, desde 2014, prejudicou as receitas de exportação.

Além disso, o país ainda vive sob a sombra de Charles Taylor, ex-senhor da guerra e presidente, de 1997 a 2003, condenado a 50 anos de prisão, que cumpre pena no Reino Unido por crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos na vizinha Serra Leoa. Outros dois presentes anteriores foram assassinad­os.

“Camaradas liberianos, sinto profundame­nte a emoção de toda a nação. Meço a importânci­a e a responsabi­lidade da imensa tarefa que abraço hoje” George Weah

PRESIDENTE ELEITO DA LIBÉRIA

Paz. “A NEC está feliz que, 48 horas depois da votação, tudo continua em paz”, declarou o diretor de comunicaçã­o da comissão, Henry Flomo. “Todo mundo diz que há um bem comum a proteger, isto é, a paz na Libéria”, acrescento­u.

Tanto o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, quanto a União Europeia e o chefe dos observador­es da Comunidade Econômica de Estados do Oeste da África, o ex-presidente de Gana, John Dramani Mahama, elogiaram a “celebração pacífica” das eleições.

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THIERRY GOUEGNON/REUTERS Futuro. Weah exibe cédula de votação; ex-jogador assume presidênci­a da Libéria no dia 22

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