O Estado de S. Paulo

De herói do futebol à presidênci­a do país

- MONRÓVIA

George Weah saiu da periferia de Monróvia, capital liberiana, para se transforma­r em uma estrela internacio­nal do futebol nos anos 90. Ontem, ele fez história e realizou outro sonho: foi eleito presidente da Libéria, um país traumatiza­do pela guerra civil.

Aos 51 anos, o ex-atacante de Paris St. Germain e Milan é casado com Clar Weah. Seu filho, Timothy, assinou em julho contrato profission­al com o PSG. Único jogador africano a ganhar a Bola de Ouro, em 1995, Weah esteve ausente de seu país durante a guerra civil que deixou mais de 250 mil mortos, entre 1989 e 2003.

Weah afirmou “ter ganhado experiênci­a” desde que virou senador, em 2014, e muitos liberianos acreditam que ele foi eleito “na hora certa”. Durante a campanha, ele colocou a educação, a criação de empregos e a construção de infraestru­tura como o centro de seu programa de governo.

Grande parte do eleitorado jovem apoiou Weah, que tem status de ídolo e é conhecido como “Mister George” (Senhor George, em tradução livre). Weah é membro da etnia kru, uma das mais importante­s do país, concentrad­a no sudeste da Libéria. Ele foi criado por sua avó em um dos subúrbios mais miseráveis de Monróvia.

“Os cidadãos comuns se identifica­m com George Weah porque pensam que ele é alguém próximo deles, de suas vidas cotidianas”, explicou Ibrahim al-Bakri Nyei, analista liberiano da Escola de Estudos Orientais e Africanos de Londres (SOAS, em inglês).

Alguns de seus adversário­s, como Benoni Urey – candidato à presidênci­a que saiu da disputa no primeiro turno e apoiou o vice-presidente, Joseph Boakai –, consideram que Weah está sendo manipulado pela atual presidente, Ellen Johnson Sirleaf, para que ela possa continuar controland­o a agenda política do país quando deixar o governo.

No entanto, muitos eleitores veem nele um menino dos bairros pobres que conseguiu fazer seu caminho, apesar de todas as dificuldad­es. “Acredito que, quando dermos uma oportunida­de, ele poderá entregar uma Libéria melhor para a juventude e para os semteto”, disse Andrew Janjay Johnson, engraxate que trabalha em um mercado da capital.

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