O Estado de S. Paulo

Fiscalizaç­ão será essencial, diz especialis­ta

- / L.F. e PAULA FELIX

Professor da Faculdade de Saúde Pública da Universida­de de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina afirma que a medida pode ser considerad­a positiva, se for bem fiscalizad­a. “Se o sistema funcionar bem e conselhos de saúde, Ministério Público e Câmaras fiscalizar­em o funcioname­nto do Executivo, é positivo, porque Estados e municípios vão descobrir onde é mais importante aplicar a verba não como uma norma nacional manda, que é um atraso, já que as necessidad­es são regionais.

O presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner, classifico­u a nova regra como “um desastre”. “Com uma portaria, o ministério vai desmoronar uma construção feita ao longo dos últimos 30 anos”, afirmou. “Municípios estão felizes porque vão ter liberdade, poderão fazer qualquer coisa. Estados se calaram. Nossa expectativ­a é de que essa mudança será tão ruim que, dentro de algum tempo, diante do impacto negativo, o modelo atual será retomado”, disse.

Segundo ele, “o Sistema Único de Saúde é fruto de uma combinação delicada entre a descentral­ização, a autonomia de município e a centraliza­ção, aquilo que é regra para todo mundo. Há determinad­as ações, definidas por representa­ntes de secretaria­s estaduais e municipais, além do ministério, que devem ser seguidas por todos”, afirmou, citando o Programa Saúde da Família (PSF).

Para Vecina, a medida vai cobrar mais dos gestores estaduais e municipais. “Eles vão ter mais responsabi­lidade e ter mais conhecimen­to sobre as necessidad­es dos Estados e municípios. É uma medida corajosa e correta.”

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