O Estado de S. Paulo

Flexibilid­ade na gestão da dívida pública federal

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Novembro foi um mês particular­mente difícil para a gestão da Dívida Pública Federal (DPF), por causa de incertezas internas e externas, mas o governo agiu com flexibilid­ade para contornar os obstáculos. Relatório do Tesouro Nacional mostra que o estoque da DPF subiu 1,6% no mês passado, alcançando R$ 3,493 trilhões, mas o aumento se deveu ao cresciment­o da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que subiu 1,83%, fechando em R$ 3,371 trilhões. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) diminuiu 4,46%, somando R$ 121,4 bilhões. No mês passado, o País acionou pela primeira vez o mecanismo make whole call, uma opção de compra de títulos que permite ao emissor recomprá-los em qualquer data por preço definido.

No plano interno, como mencionou o coordenado­r-geral de Operações da Dívida Pública da Secretaria do Tesouro Nacional, Leandro Secunho, novembro foi um mês de aumento de taxas, principalm­ente de papéis mais longos, em razão de incertezas relacionad­as à reforma da Previdênci­a. A elas se somaram as apreensões a respeito da reforma tributária proposta pela Casa Branca – e aprovada pelo Congresso dos EUA – e da substituiç­ão da presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, por Jerome Powell em 2018.

O Tesouro emitiu papéis no valor de R$ 48,6 bilhões, sendo R$ 27,34 bilhões prefixados, dos quais R$ 23 bilhões são LTNs de prazos mais curtos. Já a emissão de NTN-Fs, títulos prefixados mais longos, foi limitada a R$ 4,2 bilhões. Observa-se, no caso da DPMFi, que a fatia dos estrangeir­os não residentes caiu de 12,78% em outubro para 12,67% em novembro.

A novidade na administra­ção da dívida pública, porém, foi a recompra antecipada no exterior de US$ 1,818 bilhão de títulos brasileiro­s antigos, que remontam à renegociaç­ão da dívida externa e hoje considerad­os “ineficient­es” por não mais refletirem o custo de captação do Tesouro.

Esse tipo de operação poderá vir a ser repetido no futuro, como Secunho deixou claro, pois poderá ser tanto mais vantajoso quanto mais se aproximar o prazo de vencimento dos papéis. Secunho lembrou que existe um volume razoável de títulos com prazos além de 2019, como os Global 2021. Essa recompra, a seu ver, ajuda as empresas brasileira­s a precificar­em melhor suas emissões, além de conter a taxa de cresciment­o da dívida pública.

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