Parlamento de Israel aprova lei que dificulta divisão de Jerusalém
Negociação para ceder qualquer área da cidade teria de ter aval de dois terços do Legislativo israelense
O Parlamento de Israel aprovou ontem um lei que exige maioria de dois terços dos parlamentares para que seja cedido o controle de qualquer parte de Jerusalém. A medida dificulta ainda mais as tentativas de retomar processo de paz na região.
Segundo a nova lei, são necessários agora os votos de 80 dos 120 deputados para que qualquer porção de Jerusalém seja cedida. A própria legislação, no entanto, poderia ser derrogada por maioria simples. Aprovada por 64 votos a 52, a emenda, que há muito tempo vinha tramitando no Parlamento, foi votada um mês depois de o presidente americano, Donald Trump, ter irritado líderes palestinos e árabes ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A decisão do presidente americano já havia tornado o diálogo entre israelenses e palestinos praticamente impossível, uma vez que os dois lados reivindicam a cidade sagrada como sua capital.
As negociações de paz entre Israel e palestinos estão paralisadas desde 2014. No entanto, se forem retomadas, a necessidade de uma supermaioria parlamentar para que os israelenses entreguem partes de Jerusalém dificultará os esforços para alcançar um acordo final.
Guerra. O líder da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, afirmou ontem que a lei sobre Jerusalém é uma “declaração de guerra” contra o povo palestino. “Essa votação indica claramente que Israel declarou oficialmente o fim do chamado processo de paz e já começou a impor políticas e fatos consumados”, disse Abbas.
Na avaliação dos negociadores palestinos, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, feito por Trump, e as decisões do Parlamento israelense não têm legitimidade. “Não deixaremos passar esses planos que são perigosos para o futuro do mundo e da região”, alertou o porta-voz do líder palestino, Nabil Abu Rudeinah.
Risco “Essa votação indica claramente que Israel declarou oficialmente o fim do chamado processo de paz” Mahmoud Abbas PRESIDENTE DA AUTORIDADE PALESTINA