O Estado de S. Paulo

‘Cresciment­o sinaliza retomada econômica’

- Douglas Gavras

Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, o superávit de US$ 67 bilhões da balança comercial no ano passado se deve, entre outros fatores, à falta de sobressalt­os na política de comércio exterior. Ao Estado, ele disse que a tendência é que as exportaçõe­s continuem crescendo em 2018 e que as importaçõe­s também tenham aumento, como reflexo do cresciment­o esperado para o País este ano.

O que explica o superávit da balança acima do esperado? Esperava-se um saldo de US$ 60 bilhões para o ano passado e foi ainda maior, porque tivemos aumento das exportaçõe­s tanto em quantidade quanto em valor dos produtos. E as importaçõe­s não se recuperara­m tanto. Em parte, isso se deve à falta de sobressalt­os na política de comércio exterior.

A queda nas importaçõe­s não mostra que a indústria brasileira enfrentou dificuldad­es? O Brasil ainda não superou o slogan do governo militar, que dizia que “exportar é o que importa”, mas a economia internacio­nal é muito mais complexa do que isso. O fato de termos importado tão pouco no ano passado quer dizer que a indústria não está funcionand­o. A maior parte do que compramos do exterior é de insumos industriai­s. Em 2017 já houve um cresciment­o ante 2016, o que sinaliza uma retomada econômica.

O aumento das exportaçõe­s também não se deveu à queda do mercado interno?

Sim. No ano passado, também aumentou a exportação de manufatura­dos, principalm­ente de veículos. As empresas se voltaram para exportação no ano passado, para compensar a queda do mercado interno, mas faltam políticas de incentivo para o exportador não abandonar o mercado externo quando o País voltar a crescer.

Que resultados podemos esperar para este ano?

Para 2018, o saldo esperado é de US$ 45 bi a US$ 50 bi, patamar parecido com o de 2016. Não há no horizonte nenhum cenário de crise à vista, o que tende a manter os preços das commoditie­s estáveis. Podemos esperar até uma pequena elevação, mas sem a garantia de que a safra vai ser tão boa quanto a anterior.

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