O Estado de S. Paulo

Presidente do BC diz que há chance de corte adicional do juro

Ilan, porém, condiciona possibilid­ade a sequência da inflação baixa e diz que País entra 2018 com ‘um bom colchão’

- Fernando Nakagawa/ BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou ontem que “existe possibilid­ade” de corte adicional do juro básico da economia (Selic) em fevereiro. Em entrevista à Rádio Jovem Pan de São Paulo, ele citou o que o BC já havia destacado em documentos recentes: há mais riscos no horizonte, mas permanece o espaço para redução de juros.

“A gente indicou que existe essa possibilid­ade (de corte adicional do juro) desde que a inflação continue baixa, que os riscos continuem como a gente tem hoje”, disse. “Dado isso, sinalizamo­s que há possibilid­ade de uma redução moderada da flexibiliz­ação monetária.”

Na entrevista, Goldfajn disse que a instituiçã­o está preparada para as oscilações comuns de um ano eleitoral e a “qualquer cenário” relacionad­o à evolução da economia. “Estamos entrando em um ano com bastante colchão”, disse, referindo-se às reservas internacio­nais, hoje em torno de US$ 382 bilhões.

“Começamos o ano com bastante reserva, de 20% do Produto Interno Bruto, reduzimos a quantidade de swap cambiais e começamos com inflação baixa, que também é um colchão”, disse. “Tudo isso nos dá uma segurança para que estejamos preparados para qualquer cenário”, completou.

Nota. Questionad­o sobre a chance de rebaixamen­to do rating brasileiro, Goldfajn comentou, sem citar essa hipótese, que o BC “tem de levar em conta tudo isso”. “As reformas, os ajustes e os riscos, mas também do outro lado a inflação está bem comportada, os núcleos e as nossas projeções estão bem.”

O BC já tem o roteiro para a carta que deve escrever ao ministro da Fazenda para se explicar pelo inédito descumprim­ento da meta de inflação porque o IPCA de 2017 tende a ficar abaixo da meta. “O que ocorreu é que, além de termos a inflação baixa afetada pela política monetária, também tivemos uma surpresa agradável na inflação de alimentos”, disse.

A taxa de inflação afetada diretament­e pelas decisões do Copom, como os serviços e preços industriai­s, acompanha os limites da meta de 4,5%, lembrou: “A parte que tem a ver com o BC está ‘muito bem, obrigado”.

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