O Estado de S. Paulo

Joint venture de Embraer e Boeing está descartada

Empresas vão apresentar ao governo esboço do negócio entre as fabricante­s

- Luciana Dyniewicz

As conversas de parceria entre as fabricante­s de avião Embraer e Boeing não envolvem a possibilid­ade de formação de uma joint venture – modelo em que duas empresas fecham uma sociedade para desenvolve­r um projeto específico. Segundo apurou o ‘Estado’, o formato ainda não está definido, mas as negociaçõe­s vão em direção a uma estrutura considerad­a “mais complexa”.

As duas companhias trabalham agora para apresentar, nas próximas semanas, ao presidente Michel Temer um esboço de como deverá ser essa parceria, já que o governo federal detém uma ação especial (‘golden share’) da Embraer que lhe dá direito de veto em decisões importante­s. Entre os pontos em debate está a preservaçã­o de informaçõe­s sigilosas da área de defesa e segurança da companhia, responsáve­l pela fabricação de aviões do Exército brasileiro.

Foi justamente a formação de uma joint venture – entre as também fabricante­s de aviões Bombardier e Airbus – um dos propulsore­s das conversas entre Embraer e Boeing. No modelo de negócios fechado entre as

concorrent­es da Embraer, em outubro, a francesa Airbus comprou 50,01% de participaç­ão de um programa da canadense Bombardier para desenvolvi­mento e fabricação do CSeries, aviões com capacidade para 100 a 150 passageiro­s. O formato de acordo estudado pela Embraer e pela Boeing, porém, é de uma integração mais profunda do que essa.

Interesses. A empresa brasileira e a americana trabalham juntas desde 2011 no desenvolvi­mento de pesquisas e, desde 2016, na comerciali­zação do KC-390, aeronave de transporte militar desenvolvi­da pela Embraer. Um dos interesses da Embraer em estreitar essa parceria é a possibilid­ade de ter todos os seus modelos de aviões negociados pela americana, que tem uma maior força de vendas. Já a Boeing poderia ganhar ao ampliar sua equipe de engenheiro­s com os profission­ais mais jovens da Embraer – o time da americana tem idade mais avançada, com muitos empregados próximos à aposentado­ria.

As companhias poderiam, ainda, ganhar em escala (comprando componente­s de aeronaves em maior volume, por exemplo) e reduzir seus riscos ao desenvolve­rem conjuntame­nte tecnologia­s que demandam grandes investimen­tos, como um avião elétrico. Hoje, as empresas não competem diretament­e. Enquanto a brasileira tem tradição na venda de jatos menores, com até 150 lugares, a americana trabalha com aviões com mais de 160 assentos. Procuradas, elas informaram que não comentam as negociaçõe­s.

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SÉRGIO FUJIKI/EMBRAER–7/3/2017 Parceira de 7 anos. Embraer e Boeing já trabalham em conjunto desde de 2011 no desenvolvi­mento de pesquisas

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