Itamaraty não sabe onde está brasileiro preso na Venezuela
Ministério das Relações Exteriores reclama que governo chavista não dá informações sobre Jonatan Diniz, detido em dezembro
O Itamaraty desconhece o paradeiro do brasileiro Jonatan Moisés Diniz, preso desde 28 de dezembro na Venezuela. O governo fez vários contatos com autoridades chavistas, mas não obteve resposta, e admite não saber se Diniz está desaparecido ou se apenas tem sua localização mantida em segredo. O brasileiro foi detido sob a acusação de promover atividades contra o governo de Maduro.
O Itamaraty tenta localizar em vão, desde o dia 28, o brasileiro Jonatan Moisés Diniz, de 31 anos, preso pelo governo da Venezuela. Segundo o ‘Estado’ apurou, o Brasil fez vários contatos com autoridades chavistas, em tentativas que foram das esferas diplomáticas mais básicas até conversas entre a cúpula das duas chancelarias.
Os pedidos de informação sobre o paradeiro do brasileiro não foram respondidos, o que não permite saber se ele está desaparecido ou apenas tem sua localização mantida em segredo pelo governo de Nicolás Maduro. Uma fonte no Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) também disse desconhecer o paradeiro dele.
Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, até ontem, “apesar da promessa de retorno dos interlocutores, não houve resposta”. “Em Brasília, instada a fazêlo,
a embaixada venezuelana tampouco prestou qualquer esclarecimento”. O Brasil solicita na nota às autoridades da Venezuela “que respondam rapidamente aos diversos pedidos de informação sobre a localização de nosso compatriota e sua situação jurídica, bem como de visita consular”.
Diniz foi detido sob a acusação
de promover atividades contra o governo de Maduro. Sua prisão foi anunciada por um dos líderes do chavismo, Diosdado Cabello, conhecido pela forte ligação com o Exército, em seu programa semanal de TV. O caso amplia a distância entre os dois governos, em uma relação já abalada pela expulsão do embaixador Ruy Pereira pelo governo venezuelano. O Brasil reagiu com a mesma medida.
Segundo a família do brasileiro, que vive em Balneário Camboriú (SC), Diniz estava na Venezuela, no Estado de Vargas, ajudando crianças pobres. Ele mora na Califórnia, nos EUA, mas viajou pelo menos quatro vezes para a Venezuela nos últimos dois anos. Em suas contas pessoais no Facebook e no Instagram, há fotos dele distribuindo roupas e alimentos. O brasileiro morava havia ao menos 4 anos em Los Angeles. Ele chegou a viver em Caracas por dois meses, no início de 2017.
Em vídeos em sua conta no Instagram, Diniz aparece filmando colegas e afagando a cabeça de crianças. Em novembro, ele começou a pedir doações para a ONG Time to Change the World, um grupo que não tem site e cujas contas nas redes sociais têm menos de dois meses.
Em postagem naquele mês, o jovem escreveu que a Time to Change the World “era um ONG conectava todas as ONGs do mundo, espalhando comida, remédios, brinquedos e uma nova e saudável filosofia”.
Cabello sugeriu que a CIA estaria envolvida nas supostas atividades do brasileiro. Segundo ele, a ONG que Diniz lidera entrega alimentos e itens básicos a moradores de rua para obter financiamento para grupos que o governo venezuelano qualifica como terroristas.
Segundo o Itamaraty, a Embaixada do Brasil em Caracas “vem fazendo gestões contínuas junto ao Ministério das Relações Exteriores da Venezuela e às autoridades de segurança do país, em busca de mais informações sobre o paradeiro do nacional brasileiro”. O governo brasileiro diz ainda que “tanto o consulado em Caracas quanto o Itamaraty têm mantido contato com a família de Jonatan”.
Foi quando viveu em Caracas, no início de 2017, que Diniz se envolveu mais profundamente com a crise na Venezuela. A partir de então, ele se engajou nas causas sociais locais. Em vários posts na internet ele pede para os venezuelanos “se levantarem” contra Maduro.