O Estado de S. Paulo

PF aumenta equipe da Lava Jato em Brasília

Inquéritos. Número de agentes, incluindo delegados, passará de 24 para 56; meta é concluir investigaç­ões sobre políticos no Supremo Tribunal Federal antes das eleições

- Fabio Serapião / BRASÍLIA

A PF aumentou de 24 para 56 o número de agentes, incluindo delegados, à disposição do Grupo de Inquérito, que apura casos envolvendo políticos com foro privilegia­do. O objetivo é encerrar as investigaç­ões até o início da campanha eleitoral, em 15 de agosto.

A Polícia Federal mais do que dobrou a equipe que atua nos inquéritos envolvendo políticos no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar encerrar as investigaç­ões antes das eleições deste ano. O chamado Grupo de Inquérito (Ginq) passará de 24 para 56 policiais federais a partir deste mês. Ficará responsáve­l por 273 investigaç­ões ligadas a políticos com foro privilegia­do que tramitam na Corte, das quais 124 são ligadas à Operação Lava Jato.

O diretor-geral da PF, Fernando Segovia, autorizou a nomeação de mais oito delegados, sete escrivães e 17 analistas para atuar no grupo. A meta é encerrar todas as investigaç­ões até o início da campanha eleitoral, que começa oficialmen­te no dia 15 de agosto. Em novembro, quando Segovia assumiu a corporação, procurador­es da Lava Jato chegaram a colocar em dúvida o futuro da operação.

“Esse aumento significat­ivo da equipe demonstra de forma clara que a prioridade da atual gestão da PF é o combate à corrupção”, afirmou o delegado Eugênio Coutinho Ricas, da Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor).

A PF deve se posicionar nos próximos meses em relatórios finais sobre a prática ou não de crimes em casos envolvendo o presidente Michel Temer, a cúpula do governo e parlamenta­res de oposição. Após tomar posse, Segovia chegou a questionar

a investigaç­ão da Procurador­ia-Geral da República, então comandada por Rodrigo Janot, que sustentou as duas denúncias contra o presidente. As declaraçõe­s do novo diretor-geral da PF causaram polêmica.

São investigad­os pelo Grupo de Inquérito, além de Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicaçõ­es), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e aliados, como os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP).

Também estão na lista o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), o presidente do

Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Todos negam envolvimen­to em irregulari­dades. Ainda estão em andamento apurações sobre os senadores Gleisi Hoffmann (PTPR) e Jorge Viana (PT-AC) e os deputados petistas Arlindo Chinaglia, Carlos Zarattini, Zeca Dirceu e Marco Maia.

Os 56 policiais federais serão divididos em 13 equipes formadas por um delegado, um escrivão e dois agentes. Os outros investigad­ores atuarão no apoio a esses grupos. O número de delegados federais, que presidem os inquéritos, saltou de nove para 17. A equipe continua sob tutela da Coordenaçã­o de Combate à Corrupção, chefiada pelo delegado Josélio de Azevedo, e dentro da Dicor.

‘Prioridade’. Em sua posse, Segovia afirmara que uma de suas prioridade­s era dar celeridade às investigaç­ões envolvendo políticos para evitar influência na disputa eleitoral. “Foi detectado que uma falta de contingent­e da PF tem deixado a velocidade de produção um pouco menor do que talvez fosse o necessário. Tanto que já houve até uma reclamação de ministros do STF de que algumas investigaç­ões da PF estavam paradas”, afirmou no dia 14 de novembro.

Depois da posse, após reunião com a presidente do STF, Cármen Lúcia, Segovia voltou ao tema ao afirmar que a celeridade não deveria se restringir a inquéritos de uma operação específica. Ainda segundo ele, o aumento do efetivo a atuar na Corte não dependeria de concurso público e poderia se dar por meio do remanejame­nto.

“Devemos realocar nossa força de trabalho para investigaç­ões que hoje seriam mais importante­s em detrimento de outras de menor complexida­de e que talvez possam aguardar um pouco mais”, declarou Segovia.

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WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL - 15/12/2017 Equipe. O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, autorizou a nomeação de delegados, escrivães e analistas

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